O desenvolvimento do mercado imobiliário brasileiro e, principalmente, o do Rio de Janeiro é perceptível e concreto. Os dados não mentem: valorização dos imóveis acima da inflação, lançamentos de empreendimentos superando a expectativa, financiamentos em elevação contínua e cada vez mais bairros, antes inexplorados, se tornando opção de moradia fixa.

O ano de 2013 foi cercado de muita especulação sobre como se comportaria o setor depois do boom de anos anteriores. Mas, segundo especialistas, o mercado imobiliário ficou mais robusto e vigoroso e o que para muitos era visto como um desaquecimento ou até mesmo recessão, na verdade acabou se notando como maturidade.

Para 2014, ano mais aguardado por todos os brasileiros desde que houve o anúncio de que o país seria sede da Copa do Mundo de Futebol, o que o mercado imobiliário reserva?

Haverá valorização acima da média ou ruídos de uma bolha se tornarão palpáveis? Qual será a tendência do crédito imobiliário, aumento ou retração?

Nesta edição, a Revista Stand traça uma retrospectiva do setor em 2013 e mergulha numa previsão para 2014. Com a opinião de especialistas, o objetivo é trazer à superfície informações relevantes sobre a área de atuação dos corretores de imóveis e dar uma base do mercado para o próximo ano.

Um histórico de desenvolvimento econômico

 

Para avaliar a atual situação do mercado imobiliário é preciso primeiro olhar bem para trás. De 2002 para cá, o ritmo de crescimento do setor de imóveis ganhou proporções dignas do tamanho da China.

Com a alteração do cenário político na década passada, muitas mudanças ocorreram, principalmente no foco do governo federal, dando prioridade aos programas de inclusão social.

Também houve um maior incentivo à economia. O Programa de Aceleração do Crescimento (PAC) foi importante propulsor para o desenvolvimento de

diversos setores do país, inclusive o imobiliário. Para ter uma ideia do volume financeiro injetado pelo governo nesse programa, até dezembro de 2010 os investimentos executados chegaram a 94,1% do total previsto, o que representou mais de R$ 600 bilhões.

A taxa de desemprego diminuiu e o Produto Interno Bruto (PIB) brasileiro aumentou, superando a expectativa em alguns anos e mantendo uma boa média em outros. Em 2008, por exemplo, o país avançou cerca de 5,4%, com um PIB total de R$ 2,558 trilhões. Já em 2012, o Brasil alcançou a marca de 7ª maior economia do mundo chegando ao PIB de R$ 4,4 trilhões.

As taxas de juros também caíram vertiginosamente. Segundo dados do Banco Central do Brasil (BC), em março de 2003 a Selic, taxa básica de juros brasileira, batia os 26%. Em outubro de 2012, a mesma taxa chegava pouco mais que 7%.

Esses fatos não só surtiram efeitos no meio industrial e empresarial, como também no cidadão, ocasionando a ascensão social de milhares de brasileiros.

Mais pessoas com maior poder aquisitivo fizeram o consumo aumentar e a riqueza dho país rodar.

O reflexo desse processo no mercado imobiliário foi gigantesco. O setor da construção civil também recebeu incentivos do governo federal, principalmente fiscais, com isenção de alguns impostos em materiais utilizados nas edificações. O desenvolvimento de programas habitacionais também alavancou o mercado, criando um nicho comercial para as construtoras.

Pode-se destacar que a ascensão social da classe C, provocada pelo bom momento da economia brasileira, aliada a uma melhor distribuição de renda, queda das taxas de juros e incentivos fiscais, foram fundamentais para que 2013 chegasse com um mercado imobiliário maduro e experiente.

Nesse contexto, o cenário do setor de imóveis no Rio de Janeiro, além de receber os benefícios de todo esse desenvolvimento, foi agraciado com outras medidas, como a instalação de diversas Unidades de Polícia Pacificadora (UPP’s) em favelas dominadas pelo tráfico, a escolha da cidade para ser uma das sedes da Copa do Mundo de Futebol em 2014 e das Olimpíadas em 2016.

Em pesquisa da Associação dos Dirigentes do Mercado Imobiliário (Ademi), realizada em 2012, foi constatada que, no geral, o Rio de Janeiro obteve uma valorização dos imóveis da ordem de 390% na última década.

Porém, segundo o presidente do Conselho Regional de Corretores de Imóveis (Creci-RJ), Manoel da Silveira Maia, esse número que, inicialmente, parece ser astronômico, nada mais é que uma retomada de um mercado que permaneceu anos estagnado:

– Durante a década de 90 o mercado imobiliário sofreu com diversas crises econômicas e sem base para um desenvolvimento saudável. A partir do novo milênio, com novos rumos que a economia tomou, houve recuperação desse setor com uma valorização dos imóveis em níveis extraordinários.

 

2013: estabilização para cima

 

O boom observado nos anos anteriores também foi esperado para 2013. Mas o que se notou é que o mercado não teve fôlego o suficiente para manter os resultados tão acima da média. Com isso, surgiram especulações de que uma possível recessão estaria por vir.

Porém, de acordo com o presidente da Ademi, João Paulo Rio Tinto de Matos, essa é uma hipótese que deve ser rechaçada de imediato:

– A palavra correta para definir 2013 é estabilização. O setor vive uma fase de equilíbrio, a demanda segue forte e o mercado mantém um ritmo de crescimento acelerado. Segundo dados da pesquisa Ademi referentes ao primeiro semestre de 2013, houve alta de 46% no VGV (Volume Geral de Vendas), com arrecadação superior a R$ 4,52 bilhões, além de um aumento de 17% no total de metros quadrados lançados.

O presidente da Federação Internacional das Profissões Imobiliárias (Fiabci/Brasil), Basílio Jafet, concorda:

– As vendas e os lançamentos surpreenderam e os preços, além de não terem caído, continuaram com aumento real, o que já era previsto pelo setor. Ainda não temos os números do ano fechados, mas existe a expectativa de um aumento de preços da ordem de 8% a 10%. O freio de arrumação das grandes empresas já foi feito, com a retomada dos lançamentos de empreendimentos de porte que, em geral, tiveram boa resposta do mercado, com índices de comercialização bastante positivos.

 

Imagina na Copa…

 

2014 com certeza é o ano mais aguardado, não só do mercado imobiliário, mas do Brasil. O ano em que o país será a sede da Copa do Mundo de Futebol atrairá os olhos de todo planeta, principalmente de novos investidores e abrigará uma disputa de título que não se dará apenas nos gramados.

Com a crise na Europa, em especial países como Espanha, Portugal, Itália e Grécia, além da dificuldade encontrada pelos Estados Unidos em colocar a economia nos trilhos, o Brasil disputa com China, Rússia, Índia e os Emirados Árabes a detenção do título de porto seguro para o capital estrangeiro.

Atentos a essa questão, os empresários do mercado imobiliário já começam a se movimentar.

Basta notar que a tendência da construção civil hoje está voltada para prédios mais luxuosos e com características diferenciadas. A sustentabilidade, fator essencial e que determina o sucesso de um empreendimento lá fora, é visto hoje como fundamental nos projetos de novas edificações.

Nesse sentido, a expectativa para o setor imobiliário é de crescimento. É nisso que aposta Basílio Jafet, da Fiabci, destacando não só a Copa como fator de desenvolvimento, mas também as eleições:

– A expectativa para 2014, que é um ano eleitoral, é de que a economia vá bem, pois dificilmente o governo federal vai deixar que haja uma variação de PIB pequena, e isso fará com que o mercado continue ativo. No segmento residencial, ainda temos um déficit habitacional muito grande e, para atingir essa demanda existente, temos que produzir cerca de 2 milhões de unidades por ano. Atualmente a produção está em torno de 1,5 milhão de unidades/ano.

Segundo Jafet, imóveis comerciais novos também começarão se tornar destaques no mercado para o próximo ano, ocasionando uma estabilidade nos preços.

Matos, da Ademi, também avalia que o mercado imobiliário do Rio de Janeiro continuará aquecido, pois é um momento de grande exposição:

– 2014 não será um ano de retração. Os imóveis no Rio continuarão valorizados. Será o ano da Copa e a cidade estará na vitrine em nível internacional. Este ano, houve um reaquecimento no valor dos imóveis no segundo semestre. Os investidores mais conservadores buscaram justamente um porto seguro em meio às incertezas do mercado financeiro. Os imóveis no Rio continuarão se valorizando acima da média nacional no próximo ano.

Mesmo com a diminuição no número de unidades lançadas no 3º trimestre em 2013, a perspectiva é que em 2014 esses dados sejam superados. Pedro Wähmann, do Secovi Rio, destaca um número importante e aleta sobre a questão da valorização dos imóveis:

– Em São Paulo, por exemplo, os lançamentos cresceram perto de 50% esse ano. O que não se pode perder de vista é que imóveis são bens ativos e como qualquer ativo nem sempre se valoriza. Alcançamos patamares em que podemos pensar numa estabilização de preços.

O mercado imobiliário é virtualmente dependente da construção civil, que nos últimos anos tem dado bons resultados.

É por esse motivo que o presidente do Sindicato da Indústria da Construção Civil (Sinduscon- Rio), Roberto Kauffmann, aposta num crescimento para 2014:

– Não vejo motivos para não haver crescimento. Acreditamos num percentual acima da inflação, em torno de 7% a 10%

 

 

Corretor de imóveis: dicas para 2014

 

Então, como o profissional da intermediação imobiliária deve aproveitar esse momento do setor? Se, na opinião de especialistas, não haverá retração, porém o mercado está se estabilizando, o que fazer?

Listamos abaixo algumas dicas que podem ajudar o corretor de imóveis a ter o foco ajustado em 2014 e se preparar para um ano que promete fortes emoções.

 

1 – Com o mercado estável, os preços tendem permanecer no mesmo patamar e a velocidade das vendas diminuir. Então, o primeiro passo é não esperar a venda cair no colo. Pode ser que acostumados com a explosão do mercado nos últimos anos, o

profissional acredite que mais cedo ou mais tarde o cliente aparecerá e ele conseguirá emplacar uma venda.

Pode ser que aconteça, mas, em geral, não é isso que se percebe. O corretor de imóveis deve lançar mão de todos os recursos disponíveis no mercado para se destacar. Isso vai desde uma boa apresentação pessoal à criação de métodos organizacionais para administrar o tempo.

 

2 – Curso de português específico. Por saber falar o idioma, normalmente os brasileiros

acreditam que não precisam de um bom curso de português para aprimorar a escrita. Não caia nessa. Um e-mail bem escrito, um bom contrato redigido ou uma abordagem nas redes sociais, na maioria das vezes, são os meios que os clientes utilizam para avaliar a qualidade do profissional. Não se esqueça: a primeira impressão é a que fica.

 

3 – Depois do curso de português, é extremamente necessário que, no mundo globalizado

de hoje, o corretor de imóveis tenha noções de inglês.

Não só os termos específicos utilizados no dia a dia, mas é preciso ter uma certa fluência para atendimento ao cliente estrangeiro. Em ano de Copa do Mundo, a cidade estará lotada de turistas dos mais diversos países. Isso possibilitaria negócios dos mais variados tipo. Não perca essa oportunidade.

 

4 – Aproveite as tendências e diversifique sua carteira de imóveis. Atualmente, propriedades construídas sob certificações sustentáveis estão muito valorizadas pelos clientes. Além disso, imóveis comerciais também são ótimas opções de investimento, ainda mais nas áreas centrais de cidades que estão em pleno desenvolvimento.

O mercado imobiliário em 2014 está cercado de ótimas perspectivas, basta o corretor de imóveis estar focado no objetivo de oferecer ao cliente, não só o imóvel, mas também a oportunidade de realizar um grande sonho, que, não há dúvidas, será um ano de grande sucesso.