Especialistas apontam caminhos e soluções para o momento vivido pelo mercado
Investir em moradia não é apenas uma questão social. Gera efeitos multiplicativos sobre a economia brasileira, como renda, emprego e tributos e também efeitos qualitativos, como saúde e qualidade de vida. Além, claro, da redução do deficit e atendimento das necessidades habitacionais das novas famílias.
Visto que moradia é uma necessidade do ser humano, a compra da casa própria é o sonho de todo o brasileiro. Para investir nesse negócio é importante que se tenha alguns cuidados, principalmente por parte do corretor de imóveis:
– O momento para a compra da casa própria é indicado pela condição financeira do comprador. É importante se informar sobre os documentos necessários, despesas e todas as etapas de um processo de financiamento. Tudo isso feito com orientação do corretor auxiliando na tramitação junto ao órgão financeiro, que é um dos papéis exercidos por esse profissional, explica João Eduardo Leal Correa, corretor de imóveis e especialista em financiamento.
E apesar de a economia não estar colaborando com o mercado imobiliário nos últimos dois anos, o momento é sim, de acordo com especialistas para a venda de imóveis. Mas para isso, o corretor necessita estar atento às necessidades de mercado. Um exemplo disso são os nichos de atuação e a diversificação de produtos, como imóveis mais baratos, menores e que caibam no bolso do consumidor nesse momento.
Segundo o corretor de imóveis ganhador do prêmio Corretor do Ano em 2015, Marcus Vinicius, o profissional que quer vender imóveis nesse período não pode ficar parado:
– Você tem que trabalhar todo o tempo e não pode esperar que alguém te procure. E depois você tem que transformar pessoas que não pensavam em comprar em compradores. Meu produto é bom? Tem preço? Está de acordo com as condições financeiras de quem eu ofereço? Que tipo de estratégia eu utilizo para colocar o imóvel para uma família sem onerá-la muito, para que ela consiga pagar confortavelmente? Tudo isso e com preços acessíveis acabam chamando a atenção do mercado e fazendo novamente a roda girar.
O planejamento é algo que se deve ter em todos os campos da vida e na compra de um imóvel não poderia ser diferente. De acordo com João Eduardo, esse é um aspecto que precisa ser levado a sério:
– Planejamento é necessário sim. Além de despesas iniciais como entrada, o financiamento imobiliário é um compromisso a longo prazo. Ter segurança em relação ao emprego e a renda, comprometimento de renda familiar de até 30%, conhecimento sobre os juros bancários e o prazo do contrato. Existem também custos, tais como certidões negativas, ITBI (Imposto de transmissão de bens imóveis) e registro do imóvel.
O corretor de imóveis que quer vender, além de prestar a atenção ao seu público, passando as informações mencionadas sobre custos, necessita também trabalhar as vantagens da compra de uma propriedade. A aquisição de um bem próprio em relação ao aluguel é uma delas.
– A possibilidade do pagamento das prestações do financiamento da mesma forma que o locatário se compromete financeiramente com o aluguel é principal vantagem. As taxas de juros continuam sendo favoráveis, possibilitando que a pessoa pague seu próprio imóvel, em vez de pagar a terceiros. Além disso, existe a estabilidade naquele endereço, o que nem sempre acontece na locação. Há também a possibilidade da utilização do FGTS na maioria dos casos – avalia João Eduardo.
O imóvel é um bem vitalício e uma forma de investimento. Apesar da tão falada crise existente no país, o leader coach do IBC, Instituto Brasileiro de Coaching, Daniel Lascani, comenta o momento para esse tipo de transação:
– Acredito que sempre seja favorável fazer investimento em imóveis, mesmo diante deste cenário atual. Há uma crise política, e não imobiliária. Mesmo com a crise política, o mercado imobiliário apresenta mais indicadores positivos do que negativos. Dentre estes, destacam-se, em sinergia, um desenvolvimento urbano na cidade do Rio de Janeiro chegando em fase de conclusão; uma Olimpíadas, que trará mais investidores externos, e, sobretudo, a própria percepção do investidor local que pode, neste período, negociar melhor sua aquisição. Estes fatores, no mínimo, equacionam este mercado.
Nota-se alguns ajustes no setor, e mais flexibilidade nas negociações, bem como mais promoções, descontos e bônus, por parte de proprietários de imóveis prontos e das construtoras.
– O mercado imobiliário sofre um efeito colateral sobre tal crise. Neste contexto, há uma opinião negativa generalizada. Esta crise política estourou há mais de um ano. Falou-se muito em bolha. E, até o momento, salvo raros casos isolados, não houve nenhuma queda radical no preço dos imóveis – completa Daniel Lascani.
O profissional deve lembrar que se vive atualmente uma fase pós-boom imobiliário, que ocorreu entre os anos de 2010 e 2014. Não há garantias de que a situação política não possa piorar e afetar ainda mais a outros setores, inclusive o imobiliário. Mas, por outro lado, há indicadores sólidos do próprio mercado.
– Até o momento, continua-se vendendo milhões em imóveis todo mês. Há muitos negócios sendo feitos, com imóveis prontos e em lançamentos, residencial e comercial, e, ainda, novos empreendimentos previstos para o ano de 2016. Cabe ao profissional saber qual ‘‘fatia’’ deste ‘‘bolo’’, que é o mercado imobiliário, será a sua – ressalta Lascani.
Minha Casa Minha Vida 3
O acesso às moradias proporciona também enormes benefícios sociais, como saneamento, educação e cidadania. Visando isso, foi implantado no Brasil o Programa Minha Casa Minha Vida (PMCMV), em 2009. Esse programa veio para tentar suavizar o problema do deficit habitacional do país. Em 2015, o PMCMV alcançou a marca de 2,4 milhões de unidades habitacionais entregues, desde o início do projeto. De acordo com a Assessoria de Comunicação do Ministério das Cidades, essa não é uma tarefa a ser realizada da noite para o dia:
– É preciso ter em mente que, após décadas sem uma política pública nacional que enfrentasse o problema da falta de moradia, não tem sido fácil solucionar definitivamente a questão. Acreditamos que a continuidade do Programa é a resposta que o Governo Federal apresenta para, sistematicamente, minimizar, num futuro breve, e, no longo prazo, erradicar o problema do deficit habitacional no país.
Deve-se salientar também que o Programa teve duas fases. De acordo com um estudo da Fundação Getúlio Vargas, na primeira fase, foram alocados R$ 34 bilhões, sendo R$ 16 bilhões em subsídios. Para a fase dois foram anunciados recursos de R$ 125,7 bilhões, sendo R$ 72,6 bilhões em subsídios e R$ 53,1 bilhões em financiamento e teve a meta elevada para 2,750 milhões de unidades.
A terceira fase está sendo preparada, com novas regras, onde visará abranger mais famílias, de acordo com a Assessoria de Comunicação do Ministério das Cidades:
– Estão sendo definidas as regras para a nova fase do PMCMC, oportunidade em que melhorias incrementais das unidades habitacionais e maior inserção urbana dos empreendimentos serão observadas nas novas contratações. As melhorias em discussão primam pela possibilidade de atender mais pessoas e de forma melhor.
O governo ainda não divulgou a data de lançamento da terceira etapa do programa, nem o valor que será gasto ou a quantidade de unidades que pretende construir. O lançamento do Minha, Casa Minha Vida 3 ocorre em meio aos esforços do governo federal em cortar gastos para fazer frente à crise econômica