O mercado imobiliário é bastante impactado pelos fatores que influenciam nas dinâmicas do cotidiano. Tal fato ficou ainda mais evidente com a pandemia do coronavírus, iniciada há dois anos e que interferiu drasticamente na forma de trabalhar, se relacionar, adquirir produtos e serviços. No setor de imóveis, o segmento que mais sofreu com a pandemia foi o de imóveis comerciais, já que de uma hora para outra os escritórios foram esvaziados e o home-office foi ganhando força.

Para contextualizar o fato acima, no último trimestre de 2020, de acordo com informações da consultoria Buildings, a taxa de vacância dos imóveis comerciais no Rio de Janeiro atingiu 24,05%, recorde histórico, superando a maior marca já atingida registrada no 4º trimestre de 2017 (22,99%).

– A pandemia obrigou as pessoas a ficarem em casa. Por um bom tempo, parecia que o home office seria uma tendência certa e única para todas as empresas. Todavia, no arrefecer da pandemia, as empresas voltaram a buscar escritórios, sair dos virtuais, e investir em novas sedes. Em poucos meses, empresas como Amazon, JP Morgan, Google e outras – inclusive aqui no Brasil, como a Sankhya, passaram a investir milhões em suas sedes. Empresários já viram que a produtividade alta em home office é uma raridade e o negócio simplesmente não funciona para todo mundo. Assim, o mercado de escritórios apenas ficou mais exigente; quer imóveis atualizados, com as facilidades do mundo moderno e com vistas bonitas, pois agora as pessoas querem mais conforto ao trabalhar. E no que tange às lojas de rua, o mercado voltou muito rápido – explica o corretor de imóveis e empresário, Claudio Castro.

Com o avanço da vacinação, maior circulação de pessoas nas ruas, a “vida” foi voltando aos poucos ao normal e no mercado imobiliário a expectativa é de como será o cenário dos imóveis comerciais daqui para frente:
– Só o Centro do Rio, em apenas 6 meses, quase 35.000m2 de escritórios foram ocupados. De escolas à concessionárias de serviços; de governo à universidades; empresas de investimentos, locação de mão de obra. A dificuldade está em alugar imóveis em mau estado, ou desatualizados. Estes ninguém quer. Ou se atualizam ou terão que esperar o adensamento residencial da região Central para serem convertidos em residências. Temos tido dificuldade grande de locação das lajes e escritórios na Barra da Tijuca também, mas na Zona Sul o negócio decolou; estão alugando bem. Todavia, nosso problema não era apenas a pandemia. Era também a crise econômica, e esta parece ainda não ter cessado. Temos no Rio de Janeiro corredores inteiros de lojas vazias na região da Leopoldina, na Zona Norte, e na Avenida Brasil. Infelizmente não basta o arrefecimento da pandemia; é preciso fazer cessar a decadência econômica do Rio.

Nessa retomada do mercado onde estão as melhores oportunidades no segmento de imóveis comerciais? É o que detalha o corretor de imóveis Claudio Castro:

– Para o corretor, sem dúvida, as melhores oportunidades são os imóveis que já geram renda. Os investidores, embora estejam faturando alto na renda fixa, não acreditam que a situação vai perdurar e estão muito desconfiados. Querem se preparar para a volta do juros à normalidade. Outra boa oportunidade são os imóveis tombados; muitos falham em ver seu potencial. Temos casos de imóveis tombados que acabaram gerando renda de 5% ao mês, depois de restaurados. O carioca ama o Rio Antigo e as empresas estão dispostas a apostar nestes imóveis se a localização for boa.

Diante desse retorno da normalidade já é possível dimensionar a retomada do crescimento do segmento de imóveis comerciais com a diminuição da taxa de vacância. De acordo com levantamento realizado pela consultoria Binswanger Brazil foi registrado que pelo terceiro trimestre consecutivo, os escritórios de alto padrão do Rio de Janeiro apresentaram um recuo na porcentagem de imóveis vazios. Segundo a consultoria, a vacância foi reduzida de 44,5% para 42,4%.

Sobre o segmento de imóveis comerciais, é necessário ressaltar que o corretor de imóveis que atua neste segmento deve, acima de tudo, se antecipar e estar focado nas oportunidades que podem surgir, que muitas vezes podem variar de uma localidade para outra.

– O mercado de imóveis comerciais é tão vivo quanto a pólis. A cidade é viva. Hoje ela bomba na rua tal; amanhã a rua tal morre, e o ponto bom passa a ser do outro lado. Há ruas em que o lado ímpar não tem movimento; o lado par é um sucesso. O corretor tem que estar atento às mudanças. Tomo como exemplo o renascimento da rua Joaquim Silva, nas imediações da escadaria do Selaron. Prédios que eram vendidos por 40 mil reais agora valem mais de 1 milhão. O mesmo ocorre com as lojas, a Avenida Atlântica, em Copacabana, no Posto seis. A inauguração de um novo hotel de Luxo mudou a região em dois tempos. O corretor deve estar atento e se antecipar, e mostrar ao cliente que ele, é também um consultor especializado capaz de prever o que vem por aí – finaliza Claudio Castro.