O Canada Pension Plan Investment Board (CPPIB), nono maior fundo de pensão do mundo, está instalando um escritório em São Paulo para aumentar os investimentos na América Latina. Com patrimônio de US$ 200 bilhões, o fundo ainda tem um volume pequeno investido na região: US$ 4,4 bilhões, entre imóveis e ações no Brasil e rodovias no Chile

O escritório brasileiro, que terá inicialmente cinco funcionários na avenida Brigadeiro Faria Lima, na zona oeste de São Paulo, será responsável por supervisionar também os investimentos no Chile, México, Colômbia e Peru.

Sediado em Toronto, o fundo tem outros escritórios em Londres e Hong Kong.

No ano passado, o CPPIB aumentou significativamente os investimentos em imóveis no Brasil. O fundo tem participação de 27,5% na companhia de shopping centers Aliansce, e comprou 25% do Botafogo Praia Shopping, no Rio de Janeiro.

Além disso, comprometeu-se a investir cerca de 1,5 bilhão de reais em joint ventures com a brasileira Cyrela Commercial Properties e com o banco BTG Pactual para imóveis comerciais e armazéns logísticos.

A estratégia no Brasil buscará reproduzir a distribuição dos investimentos nos países desenvolvidos: cerca de 60% dos recursos em ativos listados (ações e títulos de dívida) e o restante em investimentos como imóveis e participações em empresas de capital fechado brasileiras. O CPPIB já se comprometeu a investir US$ 1,2 bilhão em fundos das gestoras Victoria, Tarpon, Dynamo e Squadra.

O CEO do CPPIB, Mark Wiseman, não parece impressionado pelo mau desempenho das bolsas brasileiras neste ano, que estão entre os piores dos mercados emergentes. Depois de um tombo de 15,5% em 2013, o índice caiu mais de 8% em janeiro. “Nossa perspectiva de investimento é de muito longo prazo, na minha sala nem tenho uma tela de cotações. Eu olho os preços no jornal do dia seguinte”, diz o executivo.

Uma das prioridades do fundo canadense no país será o investimento em infraestrutura, segundo Wiseman. “É óbvia a necessidade de investimentos em portos, ferrovias e rodovias no país”.

O fundo já estuda alguns projetos específicos, que Wiseman prefere não revelar. Mas afirma que a presença no país é imprescindível para a escolha de parceiros locais para participar nestes investimentos.

O executivo acredita que os recentes embates entre o empresariado e o governo sobre as condições de investimento em projetos de infraestrutura não mudam o fato de que o Brasil tem sido um ambiente favorável a investidores estrangeiros nos últimos anos.

“Nossa perspectiva é de 20 ou 30 anos, mudanças de curto prazo não nos afetam tanto”, afirma. No Chile, o CPPIB tem uma participação de 49% em cinco concessões de rodovias, e está terminando o investimento na maior empresa de transmissão de energia elétrica do chile, a Transelec.

 

Fonte: Exame Online – 05/02/2014