corretor

Responda rápido: quais são os quatro bairros do Rio que tiveram a maior valorização no preço de venda de imóveis residenciais no último semestre? Se você começou a lista pela Zona Sul ou Zona Oeste, errou. Segundo um levantamento do Sindicato da Habitação do Rio (Secovi-Rio), os valores com as maiores variações foram de imóveis em São Cristóvão, Cachambi, Centro e Méier. Apenas na quinta posição aparece a Lagoa, acompanhada por Leblon, Ipanema e Barra da Tijuca.

– É uma região que já registrava um preço mais baixo e, neste momento de recessão que atravessamos, o foco dos compradores está mais ligado ao custo. Então, essa área acaba sendo mais procurada, refletindo na valorização – explica o vice-presidente do Secovi-Rio, Leonardo Schneider.

Enquanto, na média geral, os imóveis do Rio se desvalorizaram, em São Cristóvão houve alta de 7,62% (com o preço do metro quadrado passando de R$ 5.843 para R$ 6.288). No Cachambi, o aumento foi de 4,82%, seguido por Centro, com 3,66%, e Méier, com 3,30%. Na Lagoa, essa elevação foi de 2,9%. Enquanto isso, houve bairros que registraram quedas, como o Jardim Botânico (cujo preço médio do metro quadrado caiu 1,73%) e Madureira (-2,10%).

Segundo Schneider, além do fator custo, as áreas que lideram a lista também têm em comum uma série de melhorias em infraestrutura acumuladas nos últimos anos.

– Cachambi e Méier são referências na Zona Norte, por serem bem servidos de comércio, escolas e transporte. E São Cristóvão, por sua vez, é uma área que já passou por um resgate há alguns anos e está muito próxima do Centro e da Tijuca – destaca Schneider. – Já o Centro sofreu grandes transformações, pegando carona no Porto Maravilha.

– É uma região que já registrava um preço mais baixo e, neste momento de recessão que atravessamos, o foco dos compradores está mais ligado ao custo. Então, essa área acaba sendo mais procurada, refletindo na valorização – explica o vice-presidente do Secovi-Rio, Leonardo Schneider.

Fora isso, segundo ele, há um grupo considerável de pessoas que busca morar cada vez mais perto do local de trabalho, aumentando a demanda por imóveis nessas regiões.

– Esta valorização é muito positiva, porque deixa a cidade mais homogênea, com uma ocupação equilibrada – observa Schneider.

OFERTA E DEMANDA

Ao analisar o quadro, o professor de MBA em Gestão de Negócios Imobiliários e Construção Civil da Fundação Getulio Vargas Paulo Pôrto lembra que a Zona Norte nunca apresentou, e dificilmente apresentará, preços tão altos quanto a Barra e a Zona Sul. E isso justifica a valorização.

– Pela maior liquidez da área, os incorporadores concentraram os lançamentos na região, e aproveitaram para aumentar sua lucratividade, ainda que refreando a demanda ao elevar os preços. Este fator se estende não apenas aos lançamentos imobiliários, mas também aos imóveis avulsos, disponíveis no mercado, cujos proprietários são pessoas físicas – resume ele. Segundo o CEO do Grupo Julio Bogoricin, Felipe Bogoricin, dentre os fatores que impulsionaram a “redescoberta” de bairros, como São Cristóvão, estão os grandes lançamentos imobiliários feitos na região.

– Por todos os lados, temos novos empreendimentos e, com certeza, continuaremos a ter. Não são poucos os condomínios modernos por lá, com excelente área de lazer e serviços, sem falar nos imóveis do bairro que oferecem visão para a Quinta da Boa vista – descreve o CEO.

A Avanço Realizações Imobiliárias tem investido nos detalhes. Esse cuidado, segundo o diretor da empresa, Sanderson Fernandes, garante bons resultados na hora das vendas.

– No ano passado, lançamos o Now no Cachambi, com recursos tecnológicos agregados. A varanda tem previsão para deck com TV, além de som integrado com a sala.

As caixas, aliás, podem ser acionadas por celular. Já as portas têm fechadura biométrica – conta Fernandes, sobre o edifício que também tinha arquitetura arrojada, com varandas em tamanhos diferentes. – Agregamos esses itens de uma maneira que coubesse no bolso do público potencial dessa região. Vendemos cerca de 80% das unidades no mês de lançamento.

Os apartamentos de dois quartos tinham cerca de 60m² e saiam por R$ 400 mil. Já os de três quartos, com aproximadamente 70m², custavam entre R$ 490 mil a R$ 520 mil.

O diretor executivo da Gafisa, Luiz Carlos Siciliano, destaca a região do Centro e da Lapa, que têm atraído a atenção de casais jovens, trabalhadores que moram fora da cidade e muitos estrangeiros. Segundo ele, a área passou longos anos sem lançamentos.

BICICLETAS PARA TODOS

– Lançamos o Mood Lapa, com apartamentos estúdio e suítes duplas, capazes de agradar a esse público. O empreendimento inclui lavanderia, serviço de limpeza e até bicicletas de uso compartilhado – enumera Siciliano.

Os preços das unidades giram em torno de R$ 500 mil. Segundo o diretor, 60% dos apartamentos já foram vendidos, sendo 10% para estrangeiros.

OS MAIS VALORIZADOS

SÃO CRISTÓVÃO. O custo médio do m² é R$ 6.288, com valorização de 7,62%.

CACHAMBI. O custo médio do m² é R$ 5.289, com valorização de 4,82%.

CENTRO. O custo médio do m² é R$ 8.354, com valorização de 3,66%.

MÉIER. O custo médio do m² é R$ 5.483, com valorização de 3,30%.

LAGOA. O custo médio do m² é R$ 18.039, com valorização de 2,90%.

Fonte: Jornal O Globo – 24/07/2016