Poderia estar num filme de ficção científica, ou fazer parte do cenário do desenho Os Jetsons. Mas ela ficará logo ali, em Niterói. Trata-se de uma casa autossuficiente em energia, inteligente a ponto de fechar as janelas se começar a chover, devendo tornar-se realidade no início do segundo semestre de 2016. Esse é o plano da Enel Brasil (multinacional italiana dona da Ampla, concessionária de energia elétrica naquela cidade), com a construção de uma residência experimental, parte de um projeto intitulado Nós Vivemos o Amanhã (ou, na sigla, NO.V.A.). É um estudo da companhia sobre como serão os hábitos humanos nos próximos anos, iniciativa que reúne também pesquisadores da Fundação Getulio Vargas (FGV) e da Pontifícia Universidade Católica (PUC-Rio). A casa, a ser erguida na Concha Acústica do Gragoatá, num terreno da prefeitura, terá vista para a Baía de Guanabara. As obras começam no mês que vem.

O projeto, orçado em 5 milhões de reais, é do arquiteto paulista Arthur Casas e foi desenvolvido a partir de uma plataforma de crowdsourcing na internet. Durante nove meses, 28 000 internautas de 110 países enviaram cerca de 4 000 ideias, e muitas delas foram incorporadas. “Vamos experimentar soluções como a geotermia e a utilização do lixo orgânico em um biodigestor que transforma os resíduos em gás para a cozinha”, diz o arquiteto. Assim que estiver pronta, a casa funcionará como um laboratório, e grupos de pessoas poderão inscrever-se para viver no espaço por períodos determinados. Ela foi idealizada de forma que os quatro quartos sejam independentes, cada um com seu banheiro, e a sala e a cozinha funcionem como locais de convivência. Todos os habitantes temporários poderão conferir, em tempo real, o consumo de energia, gás e água. Uma central de meteorologia permitirá que a temperatura ambiente e a incidência de luz sobre as janelas sejam controladas. A energia, por sua vez, virá de placas solares instaladas no telhado, e haverá ainda a captação da água de chuva, para reúso, com o tratamento completo dos dejetos. Além disso, estão sendo usados materiais inovadores, como madeiras com alta capacidade de isolamento térmico e tinta antichamas com isolamento acústico. “Essa casa mudará paradigmas”, afirma Casas.

 

Fonte: Veja Rio – 07/10/2015