Os engenheiros da Cedae garantem: a fase mais complicada ficou para trás e o início de operação do tatuzinho – versão reduzida do schield utilizado nas obras da Linha 4 do metrô – inaugura a fase final da construção da galeria de cintura que promete livrar a orla da Marina da Glória do despejo clandestino de esgoto em galerias de águas pluviais. Um ano após o início das intervenções, o equipamento da empresa alemã Herrenknecht começa a interligar oito poços de visita já escavados por métodos convencionais, num trecho que vai da Avenida Presidente Antônio Carlos à Praça Paris.

Ao todo, o sistema de um quilômetro de novas redes, ao longo da Avenida Beira-Mar, levará 450 litros por segundo de esgoto ao emissário submarino de Ipanema. A conclusão das obras, orçadas em R$ 14 milhões e realizadas com recursos do Fundo Estadual de Conservação Ambiental (Fecam), está prevista para dezembro. A Marina da Glória será o ponto de partida das competições de vela dos Jogos Olímpicos, e abriga uma das raias. As péssimas condições de saneamento do trecho preocupam esportistas e autoridades.

O presidente da Cedae, Jorge Briard, afirma que as águas naquele trecho da Baía de Guanabara “melhorarão significativamente” após a conclusão das intervenções. Mas ele reconhece que novas obras poderão ser feitas no futuro, para garantir a totalidade da coleta dos esgotos na região, abastecida por redes instaladas há mais de 80 anos.

– Estamos construindo um sistema que permitirá melhorar muito as condições na Marina. Vamos continuar estudando melhorias para garantir a solução definitiva – diz Briard, lembrando que a galeria de cintura funcionará “em tempo seco”, ou seja, garantirá a coleta e o envio dos detritos ao emissário apenas quando não chover. – Com chuva, passará a valer a regra de evitar o banho num período mínimo de 24 horas.

Com 60 centímetros de diâmetro, o tatuzinho terá muito trabalho pela frente. Serão retirados 285 metros cúbicos de terra do subsolo. O espaço será preenchido por tubulações de concreto, que se ligarão ao interceptor oceânico, que, por sua vez, é conectado, em Copacabana, ao emissário submarino, que funciona hoje com 6,5 mil litros por segundo, embora tenha capacidade para 12 mil.

ESCAVAÇÕES SEM CONFLITOS

Como as escavações ocorrem a quatro metros de profundidade, não há o risco de interrupção das atividades por conflito com redes da Light ou de TV a cabo. Normalmente, os equipamentos desses serviços ficam enterrados a aproximadamente 1,5 metro de profundidade. Segundo a Cedae, o maior problema na região é o lançamento clandestino de esgoto nas galerias de águas pluviais.

Apesar da promessa de conclusão da galeria de cintura da Marina da Glória, outra etapa importante para melhorar o saneamento da região está atrasada. Trata-se da limpeza do interceptor oceânico da Glória, construído em 1975 e que faz ligação com o emissário. A Cedae identificou, no ano passado, a necessidade de limpar a tubulação, que sofre com acúmulo de areia e terra. O Tribunal de Contas do Estado (TCE) analisa o processo. Jorge Briard diz que a licitação para o serviço – orçado em R$ 11 milhões – deverá ser publicada até o fim do ano:

– Mesmo sem essa intervenção já teremos melhoria. Mas a limpeza é muito importante, e quero colocar essa licitação na rua o quanto antes. A análise pelo TCE é um trâmite normal.

 

Fonte: O Globo – 25/08/2015