Com 40% do projeto já executado, os apartamentos que abrigarão atletas e comissões técnicas da Olimpíada de 2016 serão lançados para venda ainda neste semestre. Falta ainda fechar a tabela de preços do empreendimento, que tem unidades de dois, três e quatro quartos.
O novo bairro, chamado Ilha Pura, está absorvendo investimento de R$ 2,3 bilhões, financiados pela Caixa Econômica Federal. Está sendo construído em um terreno de 800 mil metros quadrados. Os prédios destinados aos atletas ocuparão um terço da a área. Serão sete condomínios com 31 torres e 3.604 unidades. O Volume Geral de Vendas (VGV) é estimado em R$ 4 bilhões.
Para garantir a hospedagem dos atletas sem onerar os cofres públicos, porém, Carvalho Hosken e Odebrecht Realizações Imobiliárias, responsáveis pelo empreendimento, concentraram neste projeto o volume de lançamentos que fariam no bairro da Barra da Tijuca, onde fica a Vila dos Atletas.
“O projeto foi dimensionado para 18 mil pessoas durante os jogos. Depois, quando for entregue aos proprietários, terá capacidade para 15 mil pessoas”, diz Maurício Cruz Lopes, diretor geral da Ilha Pura, que compara o empreendimento a outros bairros planejados da Barra.
Para o prefeito do Rio, Eduardo Paes, trata-se de um dos principais ativos contra as críticas ao uso de recursos públicos para a realização dos Jogos Olímpicos. É a primeira vez que a Vila dos Atletas é totalmente construída com recursos privados.
Não à toa, desde o ano passado, agentes do mercado imobiliário chamam atenção para restrições que estariam sendo impostas pela prefeitura ao licenciamento de novos empreendimentos na região. Dizem que a motivação seria garantir a liquidez do Ilha Pura. A prefeitura informa que vem revisando regras em construções em vários bairros, não apenas na Barra da Tijuca.
Lopes rechaça esses comentários e os rumores sobre a diminuição no ritmo de vendas na região. Conta que realizou uma convenção para mais de 2 mil corretores e a receptividade foi boa. “Não existe risco do Ilha Pura saturar o mercado porque nós estabelecemos um plano de vendas bem alongado, em uma quantidade normal para a Barra”, diz. “Mas o mercado diz que há interesse de investidores por um produto como esse, que pode dar uma aquecida às vendas de imóveis da Barra”, acredita.
Na avaliação do executivo, o empreendimento será beneficiado pela infraestrutura que atenderá os atletas da Olimpíada. Serão duas estações de BRT (Bus Rapid Transport). Além de um parque público, com 72 mil metros, que ficará no meio do bairro, que está próximo ao novo Shopping Metropolitano e terá um centro comercial de 4 mil metros.
“A tradição na Barra é que primeiro chegam o empreendimento e os moradores, depois a infraestrutura e os serviços. Esse é o primeiro projeto que já será entregue com tudo isso. É um bairro que já nasce pronto”, afirma.
Como é financiado pela Caixa Econômica Federal (CEF), segue o modelo tradicional do mercado imobiliário. Ou seja, a medida que as unidades forem sendo entregues, o banco abate a dívida dos empreendedores e transfere para o mutuário. As unidades começarão a ser entregues quase um ano depois da Olimpíada, de acordo com o prazo estabelecido pelo Comitê Olímpico para a devolução das unidades.
“Os organizadores dos Jogos vão mobiliar os apartamento e cuidar de toda a sinalização. Antes de nos entregarem, terão de desocupar os imóveis”, conta o executivo, que aposta no crescimento do empreendimento após 2017. “Após a entrega dessas unidades, a ideia das incorporadoras é continuar a expansão”.
Lopes garante que os problemas que ocorreram na Vila do Pan, também na Barra, não vão se repetir. O empreendimento desenvolvido para servir como residência dos atletas do Pan Americano de 2007 teve problemas de saneamento, acabamento e até afundamento em algumas áreas, posteriormente corrigidos. “Existem vários outros bairros planejados na Barra. Nenhum teve esse tipo de problema”, frisa.
Segundo ele, o projeto tem três certificações ambientais. Ele informa que é o primeiro projeto da América Latina a receber o LEED for Neighborhood Development (LEED para Desenvolvimento de Bairros). Conquistou também o Agua Bairros e Loteamentos, de alta qualidade ambiental, concedida pela Fundação Berzoini, além do Selo Azul da Caixa.
“Vamos deixar quatro quilômetros de ciclovia pronta, já conectada as avenidas Salvador Allende e das Américas”, afirma Lopes. Ele aposta na possibilidade de o complexo de lagoas da Barra serem usados como área de lazer e até de transporte. “A prefeitura já iniciou o processo de desassoreamento”, completa.
Fonte: Valor Econômico – 17/07