Um novo tipo de aplicação está se instalando no Rio. De olho na Copa do Mundo de 2014 e nas Olimpíadas de 2016, construtoras estão se aliando a redes hoteleiras para erguer hotéis. A novidade é que pessoas físicas podem entrar como investidores, comprando cotas dos empreendimentos e recebendo uma parte dos lucros futuros dessas unidades. É possível adquirir uma dessas cotas, chamadas de partes ou frações ideais, pagando a partir de R$ 199 mil. Esse é o preço de uma cota do Best Western Arpoador Fashion Hotel, que está sendo construído pela Incortel Incorporação e Hotelaria.

Nesse sistema, o investidor receberá, mensalmente, os dividendos (lucro dividido entre os cotistas) calculados da seguinte forma: de toda a arrecadação do hotel, incluindo os ganhos com hospedagem, restaurantes e outros produtos e serviços, são subtraídos os custos fixos (pagamento de funcionários e contas como água, luz, gás e telefone) e os percentuais recolhidos pela rede que administra o estabelecimento. O restante é repassado aos cotistas.

Segundo Cecília Zon Rogério, diretora da Incortel, a estimativa de renda mensal dos investidores vai de 0,8% a 1,2% do montante aplicado. Assim, o comprador de uma cota de R$ 199 mil receberia de R$ 1.592 a R$ 2.388 por mês, recuperando o investimento entre sete e dez anos e cinco meses. Mesmo sendo donos de uma parte dos hotéis, os investidores não serão considerados sócios nem terão direito a hospedagens gratuitas.

– Eles serão donos de parte de um imóvel que funcionará como um hotel – diz Walter Oaquim, diretor da Mega Realizações Imobiliárias, que vai construir o AC Hotels, na Barra da Tijuca.

Para o professor de Finanças Francisco Barone, da Universidade Federal Fluminense (UFF), a compra de cotas de hotéis traz algum risco, já que o negócio é feito com base na rentabilidade futura que o estabelecimento terá:

– A renda será proporcional à ocupação. Você transforma o investimento em imóveis, que não tem risco, num investimento de risco.

De acordo com ele, a aplicação é boa em bairros com um histórico de demanda turística, como Copacabana, Leblon, Barra da Tijuca e Centro, este último por causa do turismo de negócios.

Gilberto Braga, economista do Ibmec, considera o investimento atraente, especialmente para quem pretende ter nele uma fonte de renda. Mas faz uma ressalva aos interessados em, no futuro, revender sua parte no hotel:

– É mais fácil vender um apartamento do que uma cota. O brasileiro não tem o hábito de negociar isso, o que pode dificultar a revenda.

O AC Hotels, que a Mega Realizações Imobiliárias está construindo na Barra da Tijuca, tem cotas no valor de R$ 240 mil cada. Das mil partes ideais em que o empreendimento será dividido, 900 serão oferecidas aos investidores. As demais ficarão com os idealizadores do projeto. O valor pode ser dividido em 37 prestações.

O grupo Marriott International vai administrar o AC Hotels. O contrato tem validade de até 20 anos, e a inauguração está prevista para janeiro de 2016.

O valor de R$ 199 mil por cada cota do hotel, que será erguido no Arpoador, poderá ser pago em até 24 vezes.

Cada compra será inscrita no Registro Geral de Imóveis (RGI). Assim, uma eventual revenda poderá ser feita da mesma maneira como se negocia um imóvel. “Fizemos uma pesquisa que mostrou que a maioria prefere ter uma escritura”, diz Walter Oaquim, diretor da Mega Realizações Imobiliárias.

O rendimento recebido pelo investidor virá sem a incidência de impostos, porque a tributação será feita sobre a pessoa jurídica, neste caso, a sociedade à qual o investidor vai se associar.

A rede Marriott vai cobrar 3% do faturamento e 8% do lucro líquido. Já a Best Western vai retirar 2% da receita e 10% do lucro líquido. O dinheiro que sobrar após a subtração dessas alíquotas e o pagamento dos custos será distribuído entre os cotistas.

No evento de lançamento do AC Hotels, realizado na última quinta-feira, foram assinadas cerca de 350 escrituras e feitas outras 350 reservas, segundo Walter Oaquim.

O lançamento do Best Western Plus Hotel está marcado para o próximo dia 10 de dezembro, com 410 cotas à venda.

Fonte: Jornal Extra