Para que uma nova orla nascesse no Centro, foi preciso botar abaixo um pedaço do passado. Considerada pela prefeitura um marco da revitalização da Zona Portuária, a polêmica demolição da Perimetral começou em 5 de fevereiro de 2013, quando foi retirada a primeira viga de aço da rampa do elevado, içada por um guindaste, na altura da Rua Antônio Lage, próximo ao Moinho Fluminense. Foi o primeiro passo para uma série de implosões e remoções mais cirúrgicas até que todo o concreto que por tanto tempo enfeou aquela região foi levado para um depósito no Caju. Parte desses escombros foi reutilizada em outras obras, num processo de reciclagem urbana.

Muita poeira se espalhou até que a Perimetral desaparecesse de vez, muitas histórias também ganharam as páginas dos jornais e o imaginário popular, como o sumiço de seis vigas, mas a transformação foi concluída: as implosões do polêmico viaduto acabaram em dezembro de 2014. Não à toa, todo o processo de implosão do viaduto será tema da primeira exposição temporária do Amanhã. “Perimetral” – do artista plástico Vik Muniz, de Andrucha Waddington, diretor da Conspiração, e do estúdio de criação SuperUber, de Liana Brazil e Russ Rive – é uma produção multimídia. A videoinstalação é formada por imagens em mosaico, filmadas por mais de 20 câmeras instaladas no elevado e por drones. Nas cenas, há também a reação de pessoas que testemunhavam as explosões. Com tons surrealistas, a obra pretende provocar uma reflexão sobre renascimento e destruição.

 

Fonte: O Globo – 17/12/2015