O edifício do Museu da Imagem e do Som (MIS) do Rio, na Lapa, passará por nova reforma. A última foi em 1992, mas desta vez as obras contam com uma novidade: a escolha do projeto de intervenção será feita por concurso nacional de arquitetura, promovido pela Secretaria estadual de Cultura e organizado pelo Instituto de Arquitetos do Brasil (IAB-RJ). O lançamento do concurso será nesta terça-feira, às 18h30m, na sede do IAB, no Flamengo, e o edital estará disponível a partir desta quarta-feira, no site concursomispro.iabrj.org.br. A novidade faz parte de um plano em desenvolvimento para tornar o MIS referência internacional, formando um complexo museológico com a nova sede em construção, na orla de Copacabana. O concurso nacional é aberto a todos os arquitetos com registro regulamentado. As inscrições devem ser feitas até o dia 31 de outubro, e a entrega dos trabalhos é até 24 de novembro.

No museu que está sendo construído na Avenida Atlântica, o foco será na atração de visitantes, com exposições, programação cultural e programa educativo. Já a sede administrativa da Lapa será transformada no MIS PRO, um espaço de gestão e promoção do acervo do museu. Ela abrigará a reserva técnica, os laboratórios, projetos de pesquisa e exposições menores. O acervo do museu na Lapa reúne pérolas e raridades, como partituras de Pixinguinha, fotos de Augusto Malta, discos de Elizabeth Cardoso e cadernos de Nara Leão, por exemplo.

– O PRO é de profissionalização. A gente vai ter em Copacabana um museu voltado para as exposições de grande público. Na Lapa, além da reserva técnica e dos laboratórios, haverá espaços para que artistas desenvolvam projetos dentro do museu. Por isso é PRO – explicou a secretária de Estado de Cultura, Adriana Rattes. – Uma versão especializada do MIS para o profissional da área.

De acordo com a secretária, o novo MIS deve interagir com a produção cultural da região:

– Museu não é apenas um lugar que guarda, mas também que produz conhecimento a partir de seu acervo. É isso que o museu da Lapa vai ser, inclusive por estar num centro cultural onde muitos artistas trabalham. A gente quer que o museu também dialogue com essa produção da própria Lapa. Hoje, ele está muito voltado para o pesquisador. Nessa nova configuração, vai abrir as portas para outros campos, desde o público aos artistas que queiram trabalhar junto com museu.

Aos arquitetos interessados em participar do concurso, Adriana Rattes dá uma dica:

– O interessante do projeto é que vai ser desenvolvido num prédio histórico, que tem a fachada tombada, protegida, mas com enorme campo de trabalho no interior, onde é possível fazer algo novo, como em Copacabana. Queremos que os dois projetos conversem muito bem do ponto de vista arquitetônico. O prédio em Copacabana é inovador, ousado. Vamos adorar receber projetos que sigam a mesma direção, um prédio verde, sustentável, acessível, bem equipado e que se integre na Lapa.

Para a vice-presidente de relações socioculturais do IAB e coordenadora da competição, Cêça Guimaraens, os parâmetros, principalmente para um edifício que guardará um acervo, são da sustentabilidade e da preservação do acervo.

– O projeto terá que ter tecnologias que permitam o acesso e a preservação. E, sem esquecer, que ele fica num cantinho especial da cidade e vai completar esse complexo de espaços culturais do centro, mas, principalmente, com a modernização necessária para guardar esse tipo de acervo.

Primeiro museu audiovisual do país, o MIS foi inaugurado em 3 de setembro de 1965, na Praça Quinze, como parte das comemorações do IV centenário da cidade. Além de ter se qualificado como centro de documentação de música e imagem, foi também um centro cultural de vanguarda nas décadas de 60 e 70 do século XX, lugar de encontros e de lançamento de ideias e novos comportamentos. Em 1990, o prédio da Praça Quinze passou por uma grande restauração que lhe devolveu o estilo eclético original e o museu começou a ocupar, nesse mesmo ano, outro edifício, localizado no bairro da Lapa. Atualmente, o museu possui um acervo de cerca de 1.100 depoimentos com aproximadamente quatro mil horas de gravação abrangendo os mais diversos segmentos da cultura. O prédio da Praça Quinze continua funcionando, especialmente para a série de “Depoimentos para a Posteridade”. O convidado de amanhã, por exemplo, será o ator Ary Fontoura.

 

Fonte: O Globo – 24/09/2014