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O cabo reformado da PM Jovelino Ramos de Oliveira, de 81 anos, nasceu na Ilha Grande e trabalhou por três décadas no antigo Instituto Penal Cândido Mendes, até quase a implosão do presídio, em 1994. Bem de perto, ele tem visto o paraíso ecológico onde vive – com áreas remanescentes de Mata Atlântica, sete enseadas e 113 praias – superlotar de turistas e acumular problemas no dia a dia. Moradores se queixam de quedas constantes de energia, construções irregulares, despejo de esgoto em rios, lixo nas ruas, atividades comerciais desordenadas, segurança deficiente e até de um fenômeno recente: o aparecimento de bocas de fumo.

Diante desse cenário e da crise financeira que enfrenta, o governo resolveu levar adiante o projeto de implantar na ilha a primeira parceria público-privada (PPP) em área de conservação do estado. Ela leva em consideração estudos de consultorias jurídica, econômica, de comunicação e ambiental, que custaram cerca de R$ 2 milhões.

O futuro gestor privado dos 193 quilômetros quadrados e das quatro unidades de conservação da Ilha Grande vai, por exemplo, cobrar ingressos dos visitantes: entre R$ 40 e R$ 80 por uma semana, e cerca de R$ 15 por um dia. Ficarão isentos moradores e parentes de primeiro grau, crianças, idosos, beneficiários do Bolsa Família, pesquisadores e trabalhadores do local. A ilha deve passar a receber 500 mil turistas por ano, 50 mil a mais em relação a 2015, segundo o presidente da TurisAngra, Klauber Valente.

Entre outras atribuições, o concessionário terá que controlar os acessos pelos 17 cais e investir R$ 67 milhões em cem projetos (incluindo revitalização dos 12 quilômetros da Estrada Dois Rios-Abraão, patrulhamento ambiental, saneamento, reforma das ruínas do lazareto e do presídio), nos primeiros cinco anos da concessão de 25 anos.

Fonte: Jornal O Globo – 21/06/2016