A apenas 50 quilômetros do Rio, Maricá, na Região dos Lagos, vive uma grande expansão imobiliária com a chegada cada vez maior de pessoas atraídas pelo Comperj e também por melhor qualidade de vida. A cidade já conta com oito grandes empreendimentos imobiliários.

Em Alphaville, foram vendidos 400 lotes em quatro horas. No Privilege Golf, 95% dos 360 lotes também já estão nas mãos de turistas e trabalhadores do Comperj, que fica a 20 quilômetros. “Neste loteamento, de 500 mil metros quadrados, por exemplo, toda a infraestrutura está pronta, com calçamento e tratamento de água e esgoto”, destacou o secretário de Desenvolvimento Econômico, Lourival Cazula.

A segunda cidade com maior crescimento populacional do estado – só perde para Rio das Ostras, segundo recente estudo do IBGE – tem apostado em obras de infraestrutura e mobilidade urbana para receber seus novos moradores.

Com população estimada em 143.111 habitantes, a expectativa é de que, em cinco anos, 400 mil pessoas residam no município, que tem uma área total de 362 quilômetros quadrados, enquanto Niterói e São Gonçalo, juntas, contam com 363 quilômetros quadrados e 700 mil moradores. “A gente recebe um efeito muito forte do Comperj e do pré-sal.

Maricá é a segunda taxa de crescimento demográfico do estado (2,55% ao ano). Esse é um indicador de que a cidade tem virado uma alternativa para as pessoas que moravam no Rio, Niterói e São Gonçalo. Muita gente se estabelece aqui pela pouca distância da capital, pelas belezas naturais, além da captação de investimentos que estamos fazendo”, disse o prefeito Washington Quaquá (PT). Para acompanhar esse crescimento, Maricá está investindo pesado em obras de urbanização e mobilidade urbana. “O município pegou antecipado R$ 200 milhões dos royalties do petróleo só para investir em urbanização. Fizemos ainda um acordo com um grupo chinês em torno de R$ 1 bilhão a serem disponibilizados para mobilidade urbana, infraestrutura e saneamento”, acrescentou, lembrando que está reestruturando toda a malha urbana, para melhorar o trânsito na cidade.

A ponte da Barra de Maricá é parte importante desta nova fase do município. A estrutura de 172 metros liga os bairros de Guaratiba, Cordeirinho, Bambuí e Ponta Negra à região central de Maricá. A obra custou R$ 10,6 milhões, sendo R$ 2,4 milhões em recursos do município e o restante, pago pelo governo estadual. Moradores da região aprovaram a ponte, que acabou encurtando a distância entre os bairros e reduziu os transtornos com os constantes alagamentos. “Nos períodos de ressaca, o mar entrava na lagoa, passando por cima da rodovia. Várias vezes fiquei preso, sem poder sair de casa.

Quem precisava ir até o Centro tinha que percorrer uma distância 10 vezes maior. Era preciso passar por Saquarema praticamente”, contou o jardineiro Gilson de Souza, de 55 anos, que mora próximo da ponte.

Comércio critica informalidade Apesar do grande contingente populacional chegando na cidade, a Associação Comercial, Empresarial e Industrial de Maricá não sente esse impacto na economia. “Aumentou muito o número de pessoas, mas a infraestrutura ainda está muito precária. O crescimento pode se reverter em investimentos para município, mas não se reverteu para os moradores e o comércio.

A insatisfação no setor comercial é muito grande”, disse a diretora, Patrícia da Silva. Segundo ela, a prefeitura retirou os estacionamento e mudou algumas ruas, mas o grande problema continua a ser o comércio informal, que se localiza nos principais pontos da cidade.

“Nos finais de semana e feriados, quando os comerciantes poderiam tirar um dinheiro extra, mais camelôs se instalam aqui. A cidade está inchando, mas não há circulação de capital para o comerciante legal”, criticou. Dono da padaria Pão Quente da Barra, no bairro da Barra, Itamar de Souza, de 68 anos, está satisfeito com chegada do asfalto na região. “Esperava esse asfalto há 15 anos e agora está tudo certinho. Houve um aumento de 20% no fluxo daqui. A minha renda melhorou bastante”, ressaltou.

Arco Metropolitano beneficia a cidade A criação do Arco Metropolitano, que deverá chegar até Maricá em sua segunda fase, também é fundamental para o desenvolvimento da cidade. “Maricá está crescendo e estamos criando novas alternativas.

Asfaltamos o distrito de Bambuí e, assim, o pessoal que ia para Ponta Negra não precisa mais passar pelo Centro”, disse Quaquá. Ele também espera a licença ambiental da restinga para criar um acesso direto à Barra de Maricá, sem passar pelo Centro. “Hoje são 270 quilômetros de asfalto em todo o município. Antes eram apenas 70 quilômetros de vias asfaltadas”, comentou.

Outra ação que destaca são as obras de infraestrutura no distrito de Itaipuaçu, onde não havia tratamento de esgoto, saneamento, mobilidade urbana, nem asfalto. A ideia é fazer a dragagem e a drenagem dos canais para ligar Itaipuaçu a Maricá, onde vai haver uma linha de transporte de passageiros.

A cidade também quer se tornar conhecida no mundo inteiro para atrair recursos estrangeiros.

 “Participamos como expositores de feiras imobiliárias de Milão e de Cannes. Isso tem atraído muitos investidores”, explicou Quaquá.

Fonte: Jornal O Dia – 03/09/2014