Foi detonado, nesta segunda-feira, o último trecho de dois metros de rocha que separava os bairros de São Conrado e da Gávea nas obras de perfuração dos túneis da Linha 4 do Metrô (Barra da Tijuca-Ipanema), sob o maciço do Morro Dois Irmãos. Os explosivos – cerca de 250 quilos – foram acionados pelo governador Luiz Fernando Pezão. O material serviu para botar abaixo a parede na chamada Via 2. De acordo com o planejamento, a Linha 4 irá operar com um tempo de 13 minutos entre a Barra e Ipanema, e 34 minutos entre a Barra e o Centro da cidade. Com 16 quilômetros de extensão, ela deverá transportar cerca de 300 mil pessoas por dia e retirar das ruas aproximadamente dois mil veículos por hora, nos horários de pico.

A detonação durou poucos segundos e, por medida de segurança, foi exibida em um telão instaldo a um quilômetro de distância, para uma plateia que incluía o governador, o senador Francisco Dornelles (vice de Pezão no segundo mandato), secretários de estado, funcionários do consórcio Rio Barra e jornalistas. Com a detonação, agora fica faltando a perfuração de um trecho de 213 metros na chegada à estação da Gávea e de outro trecho de 600 metros (dois túneis de 300 metros) entre São Conrado e o Leblon, sob o maciço.

Depois da cerimônia, o governador comentou a volta da operação do tatuzão no subsolo de Ipanema, na Zona Sul, ocorrida na manhã desta segunda. Segundo Pezão, embora a perfuratriz tenha ficado parada por seis meses, desde o afundamento de parte do solo da Rua Barão da Torre, o governo está tranquilo quanto ao prazo de entrega das obras, no primeiro semestre de 2016, a tempo das Olimpíadas.

– Dá tempo. Tudo está no cronograma e será entregue se Deus quiser. Estava previsto que, na mudança de solo (na Zona Sul), poderia haver problemas. O consórcio garante que teremos metrô nas Olimpíadas – disse.

PROJETO BÁSICO DA LINHA 5 TERÁ LICITAÇÃO

O governador anunciou ainda que, nas próximas semanas, será divulgado o resultado da licitação para o projeto básico da chamada Linha 5 (Gávea-Carioca). O Estado conclui ainda os termos de referência que irão sustentar as licitações para os projetos básicos de outros três trechos metroviários: Uruguai-Méier (Engenhão), Carioca-Estácio e Jardim Oceânico-Alvorada-Recreio dos Bandeirantes.

– A linha Carioca-Gávea é a que está mais avançada. Já fizemos a licitação do projeto básico e o licenciamento ambiental. A gente teve muito problema (na Linha 4) porque foi preciso aproveitar uma licitação antiga e fazer todo licenciamento ambiental. E isso demorou muito. Essa próxima linha (Gávea-Carioca) começa com tudo feito, projeto e licenciamento.

A ideia, disse Pezão, é aproveitar o tatuzão nas outras obras, uma vez que o equipamento já está no Rio, caso os projetos de cada linha apontem que a perfuratriz seria o melhor método construtivo das futuras linhas:

– Queremos dar muito trabalho ao tatuzão. Acho que a gente não pode perder a oportunidade de usar essa máquina, que já está aqui e pode ir para o Centro da cidade ou outra linha que fizermos. Preferimos a Gávea-Carioca. Mas eu quero mexer em todas.

O secretário de estado da Casa Civil, Leonardo Espíndola, disse que três empresas participam da licitação para o projeto básico da Linha Gávea-Carioca. O projeto básico foi orçado em R$ 35 milhões, mas a expectativa é que as propostas técnicas que serão apresentadas pelas empresas venham com deságio. O vencedor terá oito meses para fazer detalhar o projeto básico e fazer o licenciamento ambiental da obra. O valor não inclui o projeto executivo e as obras propriamente ditas.

– A ideia é aproveitar o tatuzão, mas será o projeto básico quem vai definir o melhor traçado e o melhor método construtivo, se com o tatuzão ou detonações em rocha. Depois licitamos o projeto executivo e as obras.

Ainda de acordo com Espíndola, os projetos básicos dos outros três trechos de linhas metroviárias deverão custar entre R$ 100 milhões e R$ 150 milhões. O governo estadual negocia agora como BNDES a melhor forma de financiamento desses trabalhos.

– Deverá haver aporte federal para esses projetos e obras. Existe uma linha segregada de financiamento que pode viabilizar essas expansões.

TATUZÃO SERÁ USADO NA LINHA 4 ATÉ 2016

Segundo o subsecretário de Projetos Especiais da Casa Civil, Rodrigo Vieira, seria possível equacionar o uso do tatuzão em novas frente de obras por conta do tempo do detalhamento do projeto básico da linha Gávea-Carioca.

– O tatuzão será usado na Linha 4 até o início de 2016, quando ele desemboca na Gávea vindo da Zona Sul. Ele será desmontado ali e poderá ser usado, se o método de escavação escolhido for esse.

Ele disse ainda que o primeiro dos 15 trens da Linha 4 já foi embarcado na China e deverá chegar ao Rio no início do ano que vem. Os demais 14 trens deverão chegar até o meados de 2015 e serão colocados em teste na malha metroviária existente no Rio. No início de 2016, os trens serão transferidos para a Linha 4, para os testes finais. Rodrigo Vieira garantiu ainda que o cronograma da Linha 4 não será prejudicado com a parada de operação do tatuzão nos últimos seis meses.

– As obras nas estações, que eram o ponto mais crítico, nunca pararam. Temos frentes simultâneas de obras e o cronograma está mantido. O tatuzão pode ser acelerado ou não, de forma a compatibilizar com o avanço das estações. O tempo que ele ficou parado foi ganho com as obras nas estações.

 

Fonte:  O Globo Online – 10/11/2014