Apartamento de dois quartos, em bairro nobre de grande cidade, por R$ 9 mil o metro quadrado. Existe? Sim! Mas não por aqui. Sendo assim, há brasileiros que estão levando seus investimentos em imóveis para países em crise, como Espanha e Portugal.

Enquanto no Rio, segundo o índice FipeZap, o metro quadrado médio chegou a R$ 10.468 em março, por lá é possível encontrar imóveis novos com metro quadrado entre €$ 2,5 mil e €$ 3 mil (de R$ 7,5 mil a R$ 9 mil) e em bairros nobres como Salamanca, em Madri.

— Os valores dependem, claro, da região de cada país. Mas por cerca de R$ 1 milhão se compra um três quartos em bons bairros de Lisboa, Porto, Madri ou Barcelona. No Rio, só se encontra algo assim em Botafogo. E com sorte — avalia Daniella Freire, sócia da Quadratta Realty, empresa brasileira que vem prestando assessoria imobiliária para quem quer investir na Europa.

Além dos preços baixos — e a expectativa de valorização a médio e longo prazo —, a possibilidade de conseguir o visto de residência nos dois países, e assim passe livre pela Europa, também tem funcionado como um atrativo.

O Golden Visa, como é chamado, foi criado em setembro de 2012 e, para se ter direito a ele, é preciso investir pelo menos €$ 500 mil. O visto ainda é extensivo ao cônjuge e aos filhos, o que acaba atraindo também pessoas de ascendência portuguesa ou espanhola que queiram ter uma segunda residência num dos dois países.

— São pessoas de perfis bastante variados. Mas a maioria é mesmo de investidores, que vislumbram, lá pela Europa, um negócio melhor que aqui atualmente — analisa Marcella Freire, também da Quadratta.

Atenção a leis e taxas lá de fora

Seja qual for o motivo do investimento, contudo, é preciso estar atento às leis do país. Em geral, os impostos pagos no momento da compra variam entre 5% e 9% do valor do imóvel — semelhante ao cobrado no Brasil. Mas na hora de vender ou transmitir o bem a um herdeiro, as taxas chegam a 40%.

— O ideal para quem compra lá fora é abrir uma empresa no país. Assim, evita-se a sucessão, em caso de morte do proprietário, e ainda torna mais fácil o envio de renda, para quem pretende alugar o apartamento por lá, já que a pessoa jurídica pode enviar o dinheiro sem qualquer custo — explica o advogado Rafael Pistono, do escritório Vinhas e Redeschi, que presta assessoria jurídica a investidores.

Segundo Pistono, o processo de abertura da empresa é simples: leva de dois a três dias, apenas, e os custos mensais ficam entre R$ 300 e R$ 600.

Fonte: Jornal O Globo – 28/04/2014