A Associação Brasileira de Administradoras de Imóveis (Abadi) e o Sindicato da Habitação (Secovi-Rio) divulgaram, nesta quinta-feira (16/03), os Indicadores Habitacionais do Município do Rio de Janeiro. Os números apontam um aquecimento de locações na região central da cidade. O Rio de Janeiro é o segundo maior mercado imobiliário do país, atrás de São Paulo. O presidente da Abadi, Rafael Thomé, explica o aumento por locação no Centro do Rio, “Isso é um reflexo da implantação do movimento Reviver Centro, da prefeitura. Grandes empreendimentos residenciais estão sendo lançados, o que já muda o perfil das pessoas e atrai novos investimentos no comércio, lazer, transportes, cultura”. Na opinião dele, num espaço de cinco anos, o Centro do Rio pode ter uma transformação, atraindo investidores que estão sempre atentos a bons negócios.

A avaliação de Rafael Thomé é de que a procura por apartamentos maiores pelas famílias, observada no período da pandemia, se mantém e tornou-se um hábito do carioca. Isso vem trazendo um movimento maior para a cidade e o estado, que só tem a ganhar com esse aquecimento. Rafael acredita no crescimento de famílias no Centro, já tem 14 projetos de retrofit aprovados, em residenciais maiores. Além disso, houve muitos lançamentos e muitas vendas. Ele acrescenta a inteligência logística da região, com transportes em abundância, metrô, trem, VLT, barca, ônibus e avião. Já em termos de compra, a tendência observada na zona sul é por apartamentos menores, tipo estúdio, e para veraneio, por parte de quem é de outros estados, visando aluguel por temporada.

Para Pedro Wähmann, presidente do Secovi, a atual crise bancária internacional vai atrair investidores em busca de ativos que não virem pó. Com a queda da taxa de desemprego e o cenário econômico brasileiro sendo bem conduzido, ele acredita na queda de juros, trazendo de volta investimentos para o mercado imobiliário. Segundo o presidente da Secovi, o Centro do Rio está pronto. Os imóveis comerciais estão se transformando em residenciais. “É uma tendência irreversível. Para o morador ha inúmeras vantagens como a proximidade com o trabalho, as condições de financiamento menores e o acesso à cultura e lazer”, completou.

NÚMEROS

A pesquisa divulgada pela Abadi e Secovi Rio computou dados de dez administradoras de imóveis, analisando, em média, 8.785 imóveis para locação e 5.268 condomínios, totalizando 254.127 unidades do Rio de Janeiro. O objetivo foi demonstrar uma análise do mercado na cidade do Rio de Janeiro durante o último ano. Os dados foram enviados para uma auditoria externa e os números encaminhados para o Centro de Pesquisas e Análise da Informação do Secovi Rio (Cepai) para analisar os indicadores e confeccionar o estudo final.
Em termos de condomínios administrados, o levantamento revela que o percentual de condomínios residenciais e comerciais permaneceu praticamente igual.

Em janeiro de 2022, eram 83,6% e 5,8%, respectivamente, e, em janeiro de 2023, alcançavam 85,4% e 5,7%, respectivamente. Já os condomínios mistos caíram de 10,6% para 8,9%, na mesma comparação. Em relação ao número de funcionários, os condomínios residenciais mantiveram faixa próxima de quatro empregados no período de 12 meses, enquanto nos comerciais o número caiu de 7,1 para 6,5 funcionários.
O gasto percentual nos condomínios residenciais revelou queda com as despesas com pessoal, que caíram de 47,3% em janeiro de 2022, para 39,1% em janeiro deste ano. O maior aumento de gastos observados no período ocorreu em água, que subiu de 18,5% para 25%. O atraso registrado na taxa condominial, que corresponde a uma conta em aberto, foi praticamente igual para condomínios residenciais, de 10,2%, e comerciais, 10,1%.
Por porte, o atraso da taxa condominial foi maior nos condomínios menores (12,1%), onde a inadimplência é mais percebida do que nos de grande porte (9,3%). Por bairros, o atraso na taxa condominial residencial foi maior no Méier (11,2%), seguido de Copacabana (11,1%) e centro (11%). Já os menores atrasos foram registrados em São Conrado (6,4%) e no Flamengo (5,7%).
Nos condomínios comerciais, a maior inadimplência foi apurada em Madureira (18%) e na Tijuca (16,2%), enquanto Vila Isabel e Jardim Botânico tiveram as menores taxas de atraso (6,5% e 6,3%, respectivamente).

No relativo ao atraso de aluguel de imóveis por bairros, a liderança também foi exercida pelo Méier nos imóveis residenciais, com taxa de 23,2%, contra 2% na Barra da Tijuca. Nos imóveis comerciais, São Cristóvão aparece com o maior atraso do aluguel (27,3%), enquanto os bairros do Flamengo e Recreio dos Bandeirantes mostram os menores atrasos (4,3% e 4,2%, respectivamente), no período de 12 meses.
As ações locatícias atingiram total de 3.991 no ano passado, sendo o despejo por falta de pagamento a maior motivação, com 67,4%.

ENDIVIDAMENTO

O presidente da Abadi disse que o endividamento dos brasileiros, que bateu recorde no ano passado, bem como o desemprego, influenciaram a inadimplência nos condomínios. De acordo com a Pesquisa de Endividamento e Inadimplência do Consumidor, da Confederação Nacional do Comércio de Bens, Serviços e Turismo (CNC), 77,9% das famílias brasileiras se declararam endividadas, em 2022. Do total de 14.988 ações condominiais movidas em 2022, as despesas condominiais representaram 13.353 ações, ou o correspondente a 89% do total. Os dados são do Tribunal de Justiça do Estado do Rio de Janeiro (TJRJ).