Você encontrou o amor da sua vida e quer juntar as escovas de dentes. Ou simplesmente sentiu que é o momento de ter o seu lar doce lar. Não importa qual é a sua situação. Se você ainda não passou por esta fase, saiba que uma hora a vontade de ter um cantinho próprio vai aparecer, seja ele alugado ou comprado, pequeno ou enorme, para morar sozinho ou muito bem acompanhado. O importante é ter um espaço para chamar de seu e deixar com a sua cara, da aparência às regras de funcionalidade.

Ainda é comum ver adultos postergando a saída da casa dos pais. Este cenário, entretanto, está mudando. A procura pelo primeiro imóvel por pessoas entre 25 e 35 anos tem aumentado no Rio. E, claro, movimentado o mercado de quem ajuda a dar esse passo, como imobiliárias e incorporadoras. Um levantamento realizado pelo FipeZap sobre a demanda por imóveis no primeiro trimestre de 2015 revela que, no quesito objetivo de compra, 43% dos entrevistados afirmaram querer morar sozinhos.

Já as construtoras destacam os recémcasados e divorciados entre os que buscam um novo lugar para morar. Levando em consideração as características desejadas por essas pessoas, os imóveis mais procurados são os de quarto e sala ou de dois dormitórios. As preferências também incluem localização em áreas centrais, com amplas possibilidades de lazer e de serviços, como limpeza, por exemplo. No caso de compra, o financiamento ainda é a principal forma de aquisição. O valor da entrada, porém, tem se mostrado mais alto que a média, pois os compradores são pessoas que estão se mudando com mais idade e conseguiram, na maioria das vezes, poupar uma boa quantia.

Foi o que aconteceu com o analista comercial José Nilton da Silva Júnior, de 28 anos. Ele e sua então namorada, hoje esposa, começaram a poupar quando ainda estavam morando com os pais. Após cinco anos, compraram um imóvel de dois quartos na planta, em Jacarepaguá. Nesse período, conseguiram juntar o suficiente para dar de entrada uma grande parte do valor total do imóvel, reduzindo, assim, o montante financiado:

– Até penso em me mudar mais tarde para um apartamento maior, mas acho que para um primeiro imóvel está ótimo. Foi uma boa oportunidade, é perto de nossos trabalhos e com opções de lazer que nos atendem.

Construtoras como a RJZ Cyrela e Living – que já lançou três projetos focados neste nicho de mercado este ano, e ainda tem outros em andamento – estão de olho nesse público-alvo.

– Sabemos que as pessoas recém-casadas querem apartamentos menores, próximos a áreas de serviços e rede de transportes, além de contarem com ampla oferta de lazer e segurança. Como é um público que sabe o que quer, fica mais fácil atendê-lo. As pessoas já não querem morar mais com os pais ou com a sogra. É um mercado que está crescendo, sem dúvida – afirma Rogério Zylbersztajn, vice-presidente da empresa.

O diretor de negócio da Brookfield no Rio, Daniel Xavier Fernandes, também constata que pessoas de até 35 anos vem chamando a atenção em seus estandes de vendas. Em 2014, do total de visitantes, 13% estavam em busca do primeiro imóvel.

– Esse público está crescendo. Percebemos que hoje em dia há mais gente querendo sair de casa e procurando uma moradia, seja para casar ou para viver sozinho. Olhando para eles, desenvolvemos um empreendimento que tem várias opções de plantas, podendo atender desde ao recém-casado até aos que já são mais velhos, viúvos ou divorciados – diz Maurício Cruz, diretor geral do Ilha Pura.

Outra que tem apostado neste público é a João Fortes, com três lançamentos recentes de unidades mais compactas, algumas mobiliadas e com ofertas de lazer planejadas para os adultos.

ALUGAR OU COMPRAR?

Uma das principais dúvidas dos marinheiros de primeira viagem é se vale mais a pena alugar ou comprar o primeiro imóvel.

– O aluguel é melhor do ponto de vista financeiro. Se eu tenho dinheiro, é melhor aplicar e ter um valor a receber por mês, com o qual posso, inclusive, pagar o aluguel. Por outro lado, vou me sentir mais seguro se tiver um imóvel próprio, pois é um bem. Depende muito do que cada pessoa quer e pode assumir – explica Rogério Quintanilha, gerente-geral de vendas da administradora Apsa.

Fernandes, da Brookfield, acrescenta que o empreendimento na planta é uma boa opção para os que desejam sair da casa dos pais, mas ainda precisam se programar. Segundo ele, com um prazo de dois ou três anos, é possível fazer um planejamento e pagar as parcelas.

Quintanilha diz ainda que a procura por imóveis para morar sozinho não é apenas de jovens que saíram da casa dos pais ou se casaram, e chama a atenção para os divorciados. Percepção também de João Eduardo Correa, do Conselho dos Corretores de Imóveis do Rio de Janeiro (Creci RJ), que observa que, tanto para alugar quanto para comprar, sendo para o primeiro casamento ou para quem está saindo de uma união, o local de moradia é bem relevante e está quase sempre ligado à proximidade do trabalho.

– Eles geralmente buscam imóveis com uma boa estrutura no entorno. A maior demanda é na Zona Sul. As prioridades, para eles, são facilidade e mobilidade. A Barra também é bem procurada – diz Correa.

Quintanilha e Zylbersztajn lembram que há ainda a questão da raiz: apesar de centralidade ser um ponto chave, muitas pessoas querem formar suas famílias em bairros onde já têm um núcleo estabelecido, a fim de ficar próximas de seus parentes. A vontade de ter um cantinho só seu é grande, mas ter alguém que ajude por perto também tem seu valor.

 

Fonte: O Globo – 31/05/2015