Qual será a realidade de Nova Friburgo no ano de 2050? Responder a essa pergunta com precisão é impossível, mas a partir de agora já dá para se ter uma ideia de como a cidade pode se transformar. A prefeitura concluiu recentemente a revisão do Plano Diretor do município, sete anos depois da sua elaboração. O instrumento guiará o desenvolvimento urbano nesse período.

Segundo Viviane Melo, subsecretária de Pesquisa e Planejamento Urbano, o maior desafio foi pensar em um planejamento que atendesse às diretrizes da Política Nacional de Proteção e Defesa Civil e do Estatuto da Cidade. As legislações exigem soluções para as áreas suscetíveis a deslizamentos de grande impacto, inundações bruscas ou processos geológicos ou hidrológicos – o que em Nova Friburgo corresponde a 70% do território, de acordo com dados do Serviço Geológico do Brasil.

– Essa revisão é a primeira do Brasil a considerar o risco de desastres naturais para definição do zoneamento ambiental do território. No documento elaborado em 2007, havia uma previsão de expansão urbana do município. No atual, a proposta é completamente diferente. A nossa ideia é uma cidade compacta, que, em vez de crescer, quer adensar a população nas regiões que já são urbanas. Com isso, as áreas verdes também vão crescer – frisa Viviane.

Para elaborar o documento, foram feitas 36 reuniões comunitárias em 18 locais, nas quais os moradores puderam opinar e contribuir com ideias. Agora, o plano está sendo analisado pela Câmara. A prefeitura estima que ele seja aprovado até o fim do ano.

Plano prevê corredor de ônibus

Os encontros com os moradores foram realizados desde o ano passado. De acordo com Viviane, eles foram norteados por cinco eixos temáticos: mobilidade urbana e rural e acessibilidade; infraestrutura urbana nos bairros; regularização fundiária, habitação adequada às necessidades humanas; agricultura, áreas verdes, de lazer e equipamentos comunitários no contexto urbano e rural; e patrimônio cultural, educação e turismo.

– A partir desses encontros, incluímos alguns projetos no plano, como a elaboração de mapas com ações prioritárias, a identificação de vias alternativas para melhoria da mobilidade urbana no território e a elaboração de Planos de Bairros, que são como pequenos planos diretores específicos para cada localidade – conta Viviane.

Além da revisão do Plano Diretor, a equipe da prefeitura elaborou, paralelamente, um Plano de Desenvolvimento Urbano Estratégico (PDUE). O documento apresenta as estratégias centrais para que o primeiro se torne uma realidade.

De acordo com o urbanista Carlos Leite, consultor da elaboração do projeto, todas as metas foram analisadas e planejadas a curto, médio e longo prazo. O PDUE é também uma versão ilustrada do Plano Diretor. Ou seja, apresenta de forma didática, através de diagramas, os principais conceitos e estratégias.

– O objetivo final é a consolidação de um conjunto de informações técnicas, essencialmente de urbanismo e legislação urbana, que possa ser disponibilizado aos cidadãos de forma ampla e acessível – explica.

Tanto o Plano Diretor quando o PDUE podem ser conferidos na íntegra no site < planodiretornf2014.org>.

Neles, estão previstos projetos que chamam a atenção dos moradores, especialmente para ações relativas à mobilidade urbana. Um sistema de ônibus com faixas exclusivas – como o BRT no Rio de Janeiro – pode ligar os bairros do Cônego e Conselheiro Paulinho, dando forma a um eixo viário pela cidade. Da mesma forma, a estrada do contorno, que promete retirar o tráfego de caminhões das avenidas da cidade, está traçada como uma das metas para gestões futuras. Além deles, estão desenhados locais para um possível centro de convenções e um museu de ciências, no Centro; e um terreno na região da Estrada Teresópolis-Friburgo, em Conquista, que pode abrigar um pequeno aeroporto para manutenção de helicópteros.

– O crescimento inexorável faz parte do momento urbano das nossas cidades e mesmo do planeta. Portanto, preparar- se para ele é fundamental para garantir uma ocupação ordenada, com ganhos para a população e a cidade, através de um desenvolvimento inteligente e sustentável – acrescenta Ivison Macedo, secretário de Meio Ambiente e Desenvolvimento Urbano Sustentável.

 

Fonte: O Globo – 13/11/2015