Um belo palacete carioca, construído entre 1909 e 1913, que vem passando por obras de restauração, agora também terá seu mobiliário e acervo de obras de arte recuperados. O governador Luiz Fernando Pezão decidiu aproveitar a reforma do Palácio das Laranjeiras para cuidar de dezenas de peças, muitas delas raras, como antecipou Ancelmo Gois, em sua coluna no GLOBO. O palácio virou residência oficial depois que o presidente Juscelino Kubitschek se recusou a permanecer no Palácio do Catete, após o suicídio de Getúlio Vargas. De acordo com Pezão, a importância das obras é imensurável.

– Todas as peças do mobiliário e de decoração fazem parte de um grande conjunto arquitetônico. A reforma do Palácio das Laranjeiras só estaria completa quando tudo fosse restaurado. Além de patrimônio do estado, os objetos fazem parte da história do Rio e do Brasil. Não podemos deixar que a força do tempo degrade bens tão preciosos – diz Pezão.

Entre as peças que serão recuperadas está a mesa, em talha dourada com tampo de mármore Royal Rouge, na qual, em 13 de dezembro de 1968, foi assinado e feito o anúncio oficial do AI-5, pelo então ministro da Justiça Gama e Silva.

MESA HISTÓRICA

Um conjunto de mesa de banquete folheado a ouro, composto por 36 cadeiras em madeira estofadas em tecido brocado vermelho, também faz parte do acervo. Essas peças, adquiridas entre 1911 e 1915, já receberam muitas autoridades, como Juscelino Kubitschek, João Goulart e o Papa João Paulo II.

A tela “Paisagem da Parahyba – Engenho com Rio”, pintada em óleo sobre madeira, do pintor Frans Post, também está entre as obras mais raras do Palácio das Laranjeiras e está incluída na lista dos objetos que serão restaurados. Pintada na Holanda, é uma das poucas obras do acervo do palácio em que o tema é o Brasil. O quadro foi inspirado em gravuras feitas pelo artista durante a missão artística de Maurício de Nassau.

 

Entre outros trabalhos famosos do mesmo pintor abrigados no palácio está “Paisagem de Pernambuco- Índios caçando na cachoeira”, de 1667, na terceira fase de produção do artista, entre 1661 e 1669, tida como a de maior destaque.

EDITAL PARA O RESTAURO

Além das obras de Post, outra pintura, feita em óleo sobre madeira, do século XVI, será restaurada: “Retrato de Nobre Veneziana”, de Alessandro Bonvicino Moretto, chamado de Moretto de Brescia.

O acervo inclui ainda uma obra, em óleo sobre tela, do artista francês Nicolas Antoine Taunay. Ele retratou o Outeiro da Glória quando visitou o Rio, em 1818.

A restauração das peças será feita por meio de edital, que será anunciado ainda este ano. O governo do estado não divulgou o orçamento para a restauração do acervo.

 

Fonte: O Globo, Rio –  27/09/2014