A Prefeitura do Rio de Janeiro apresentou ontem metas para a neutralização das emissões de gases de efeito estufa no município até 2065. O desenvolvimento da cidade baseado em uma menor emissão de carbono fará parte do planejamento estratégico para os próximos 50 anos. Realizado no Palácio da Cidade, em Botafogo, o encontro antecipou parte do anúncio que será realizado durante a Conferência Climática das Nações Unidas (COP21), que ocorre nesta semana em Paris, na França.

Com as metas, a prefeitura pretende fazer do Rio de Janeiro a primeira cidade de um país em desenvolvimento a participar da Carbon Neutral Cities Alliance, que conta com 17 membros dispostos a promover ações a longo prazo para reduzir a emissão de carbono no mundo. Assessor especial do prefeito Eduardo Paes, Rodrigo Rosa explicou que esta ação vem de uma longa discussão que começou em agosto, com o Visão Rio 500, e que servirá como motivador para as ações que o município deseja adotar, equilibrando o desenvolvimento urbano com as questões ambientais.

“Além da redução na emissão dos gases, precisamos começar a ver o lixo como ativo econômico e a propor medidas para evitar o desperdício da água, entre outras ações”, explicou. No plano estratégico municipal específico para ações climáticas, o principal foco das ações da prefeitura são os deslocamentos urbanos, que em 2012 foram responsáveis por 31% do total de emissões na cidade. Por conta disso, o plano coloca o investimento em transporte de alta capacidade como prioridade, principalmente com uso de combustíveis limpos. Outro foco é a ação continuada de incentivo ao uso da bicicleta, com a implementação de mais 135 quilômetros de rede cicloviária até 2020. Também pretende-se ter 80% dos deslocamentos com veículos menos poluentes até 2050 e 100% em 2065.

Ainda na área de mobilidade, o planejamento urbano deve aumentar a densidade de ocupação e favorecer os deslocamentos a pé. O plano para a gestão de resíduos, que em 2012 contribuiu com 10% das emissões de gases estufas, é o Lixo Zero em 2065. A recomendação é de que, em 50 anos, os investimentos em reciclagem e reúso de materiais, além da redução do descarte, diminuam quase na totalidade o lixo levado aos aterros sanitários. O lixo orgânico também seria aproveitado a partir da ampliação da compostagem desse material orgânico, o aumento da geração de energia com a abertura de novas usinas e o avanço da reciclagem. A otimização da coleta de lixo, com frota mais sustentável e combustível verde, também está entre as metas apresentadas ontem.

“Chegamos muito além do que tínhamos planejado. Conseguimos gerir os nossos problemas e já transformamos muito esta cidade. Isso só está sendo possível graças à articulação eficiente de todos os órgãos da prefeitura que, ao longo dos anos, têm executado um planejamento estratégico fantástico. Acredito que, a partir das discussões na COP21, possamos desenvolver um trabalho ainda mais frutífero”, disse o secretario municipal de Meio Ambiente, Carlos Alberto Muniz. A expansão do saneamento básico em toda a cidade até 2035 também está entre as ações a serem implementadas pela prefeitura.

Até 2020, o município já deve chegar a 80% das residências com esgoto encanado e abastecimento de água. Esforços para a redução do desperdício de recursos hídricos e limpeza de rios, bacias e lagoas aparecem como estratégia, uma vez que a poluição também contribui para a emissão de gases. Na geração de energia, a proposta é descentralizar a produção, com a instalação de placas solares em edificações, entre ouras ações.

 

Fonte: Jornal do Commercio – 01/12/2015