projeto-une-estado-e-prefeitura-para-recuperar-areas-degradadas

O governo do estado e a prefeitura da cidade discutem projeto para a recuperação de áreas degradadas no Rio. Entre elas, o aumento do potencial imobiliário de terrenos abandonados ou subutilizados. O prefeito Marcelo Crivella e o governador Luiz Fernando Pezão fizeram ontem sua primeira reunião de trabalho. Na mesa de discussão, estava uma proposta do arquiteto Sérgio Dias, que já foi secretário municipal de Urbanismo. Ele sugere a criação de operações urbanas consorciadas, que preveem a participação da iniciativa privada em projetos para a cidade. Um deles seria a transformação de áreas degradadas, com a criação de parques, além de um melhor aproveitamento do potencial imobiliário dessas regiões. Isso seria feito por meio da emissão de Certificados de Potencial Adicional de Construção (Cepacs), a exemplo do que aconteceu na Zona Portuária.

A ideia seria levar o projeto para bairros como Centro (especificamente terrenos da SuperVia na Avenida Presidente Vargas), Méier, Barra da Tijuca e Jacarepaguá, sem causar agressão urbanística. No Porto, a prefeitura emitiu Cepacs que garantem às empresas construir empreendimentos maiores que os permitidos pelo zoneamento original da região. Os recursos obtidos com os títulos são usados para revitalizar a área.

INICIATIVA PARA AMPLIAR METRÔ

Sérgio Dias, que foi convidado para a reunião por Pezão, propôs ainda usar a mesma estratégia para expandir o metrô. Segundo o secretário municipal de Transportes, Fernando Mac Dowell, que estava no encontro, o projeto pode viabilizar a expansão do sistema na Barra e a conclusão da estação da Gávea e da linha Carioca-Praça Quinze. No entanto, ainda não há nada de concreto sobre a destinação dos recursos para as obras. A presidente da Riotrilhos, Tatiana Carius, também assistiu à apresentação.

– Conversamos a respeito do metrô – disse Crivella. – Todas as grandes cidades do mundo têm nos trens a sua principal articulação viária, sobretudo naquele momento de levar as pessoas para o trabalho e de volta para casa. Estamos fazendo novas investigações, e vai ser uma coisa muito bacana, porque pela primeira vez o município e o estado formarão essa parceria no transporte. O mais importante de tudo é que nós vamos ser criativos e não haverá recurso público nessa parceria.

Na quarta-feira, um decreto criou uma comissão formada por cinco órgãos municipais, para estudar formas de a prefeitura ajudar o governo do estado a concluir as obras da estação Gávea do metrô no menor prazo possível. O grupo terá 90 dias para propor medidas. Ele será presidido pela Secretaria municipal de Transportes. Participarão ainda a Casa Civil, as secretarias de Urbanismo e de Conservação, além da Subsecretaria de Planejamento Estratégico do gabinete do prefeito.

Mac Dowell confirmou que a prefeitura não destinará recursos ao metrô.

– O projeto de Sérgio Dias é espetacular em relação à ocupação do solo e vai possibilitar a geração de receitas – disse, acrescentando que a proposta atrairá a iniciativa privada.

Tatiana Carius destacou o ineditismo da iniciativa.

– A proposta do governador Pezão é fazer isso a quatro mãos, em parceria com a prefeitura, para gerar receitas adicionais, com benefícios para a cidade, entre eles a expansão do metrô. O investimento em infraestrutura metroviária é muito alto e não se paga somente com um ente federativo. Então, estamos agora inovando. Realmente, vai ser a primeira vez em que isso será feito aqui no Rio para expandir o sistema metroviário – afirmou .

“SOLUÇÕES ALTERNATIVAS”

Para Mac Dowell, parcerias são importantes para a implantação de melhorias a fim de facilitar a mobilidade da população.

– Nós vamos buscar soluções alternativas, que possam gerar receitas adicionais. Não se pode ficar o dia inteiro pensando, olhando para o espelho sem fazer nada. É um projeto que faz uso do solo de maneira inteligente e que vai gerar recursos necessários tanto para o município quanto para o estado. Vamos buscar parceria com o Banco Mundial, precisamos mudar essa maneira de estar todo mundo de cabeça baixa – disse o secretário.

Fonte: Jornal O Globo – 06/01/2017