Experience museum é uma expressão que os americanos dão a um tipo particular de museu, fruto dos avanços científicos. Um local onde o acervo não é de obras de arte clássicas. Ambiente de experiência, como diz a expressão, em que paredes em LED substituem óleos sobre tela. Verdadeiros parques de diversão para crianças, adolescentes e adultos. Museus assim fazem sucesso no mundo inteiro por promover um espaço único de interação do homem com a tecnologia. Assim será o Museu do Amanhã, que já está com 94% das obras prontas.

Com desenho inspirado em uma flor de bromélia, com cacho modular e longilíneo, ele repousa sobre as mansas águas da Baía de Guanabara, na renovada Praça Mauá. Muitos não veem flor alguma, mas sim um navio de cabeça para baixo, ou uma nave espacial, ou o que a imaginação inventar. Seja como for, a mansidão ali se restringe ao mar. O Amanhã abrirá suas portas na segunda quinzena de setembro, segundo a prefeitura.

Em ritmo acelerado, 750 trabalhadores correm contra o tempo, dia e noite, para completar a última etapa da construção, em fase de acabamento. São 15 mil metros quadrados de área construída. Se somarmos seu entorno, incluindo jardim e espelho d’água, o tamanho dobra. O lugar ainda é um canteiro, com grandes máquinas posicionadas na entrada. Mas diversas instalações já estão prontas, como as salas administrativas, o auditório para 400 pessoas e o subterrâneo, com três metros de profundidade. Invisível para os visitantes, o subsolo será parte importante do projeto que tem como motivação refletir sobre o futuro do planeta. Lá dentro fica o sistema de refrigeração, que vai captar água da Baía de Guanabara e depois devolvê- la ao mar, mais limpa do que antes.

– O Amanhã não é um museu de respostas, mas de perguntas. Ele não trata do ontem, mas do futuro. É um organismo vivo, que se move, que reutiliza água, que aproveita a energia solar. Fomos buscar inspiração em museus de ciências do mundo inteiro, mas conseguimos criar algo único – afirma Hugo Barreto, secretário- geral da Fundação Roberto Marinho, idealizadora do museu junto com a prefeitura.

CINCO PERGUNTAS ESSENCIAIS

Quando estiver pronto, o Amanhã levará seu visitante a percorrer uma narrativa de cinco momentos, todos no segundo andar do edifício desenhado pelo espanhol Santiago Calatrava. Cada ambiente traz uma pergunta essencial da existência humana – perguntas que o homem faz a si mesmo desde os tempos remotos: de onde viemos? Quem somos? Onde estamos? Para onde vamos? Como queremos ir?

Primeira das cinco instalações permanentes, “Cosmos” foi idealizada pelo cineasta Fernando Meirelles, diretor do filme “Cidade de Deus”. O visitante entrará em uma esfera negra para assistir a uma projeção, em 360 graus, com oito minutos de duração. São imagens diversas que representam o nascimento da vida, a origem do mundo. No momento seguinte, a curadoria propõe um olhar sobre a nossa casa: quem somos enquanto sociedade? Em três grandes cubos haverá pilhas de informações sobre o planeta, a biodiversidade e o pensamento humano. A seguir, uma instalação que mostra o impacto do homem no planeta em seis totens. No quarto momento, jogos interativos ajudarão o visitante, por exemplo, a calcular sua pegada ecológica. Para encerrar a visita, uma instalação em forma de oca com sons e imagens em profusão – como do sol nascendo em diversas partes do mundo.

TRILHOS DO VLT DIANTE DO MUSEU

Além do conteúdo permanente, que será sempre atualizado, o Amanhã terá exposições temporárias. A primeira, de 2016, já está definida: uma homenagem ao aviador Santos Dumont, projeto do cenógrafo Gringo Cardia. Em seguida, virá um projeto de grande porte: uma exposição em parceria com o Science Museum Group, que dirige todos os museus de ciências britânicos. Além disso, haverá uma instalação sobre a demolição da Perimetral, com imagens de Vik Muniz e Andrucha Waddington.

Um dos mais empolgados com a proximidade da inauguração é o prefeito Eduardo Paes. Na última quarta- feira, ele visitou as obras e confessou que sonhava em inaugurar o Veículo Leve sobre Trilhos (VLT), cuja linha já está implantada em frente ao museu.

– Eu sabia que tinha que derrubar a Perimetral. Comecei a sonhar com um símbolo para a transformação da Zona Portuária. Aí está ele.

 

Fonte: O Globo – 12/06/2015