Escolher um banco para financiar a casa própria não é um caminho sem volta. Embora pouca gente saiba, é possível realizar a portabilidade do financiamento imobiliário de um banco que cobra taxas de juros mais altas para outro que ofereça condições mais vantajosas. Segundo especialistas, a troca pode reduzir em até 40% o valor das parcelas mensais. Mas antes de efetuar a mudança é preciso estar atento ao Custo Efetivo Total (CET) da nova instituição e aos encargos cartoriais.

“A operação dá oportunidade ao cliente que fez uma dívida com determinada taxa de juros em um banco de transferir seu saldo devedor para outra instituição que apresente uma taxa menor. Temos clientes que conseguiram diminuir R$ 500 na prestação. Um outro, com saldo devedor de R$ 588 mil, chegou a reduzir sua prestação em mais de R$ 900”, afirma o diretor da Ideal Consultoria Imobiliária, Gláucio Alves Taioba.

Segundo ele, o processo leva, em média, de 40 a 45 dias. E geralmente não passa de dois meses. Apesar de a lei existir desde 2006, só recentemente os bancos entraram para valer no negócio.

“A modalidade ganhou força a partir da redução dos juros dos bancos públicos, acompanhada pelas instituições financeiras privadas. Isso estimulou a concorrência e quem ganhou foi o consumidor”, diz o consultor.

 Disseminação Lenta

A possibilidade de desembolsar uma quantia menor tem levado mais mutuários a fazer a portabilidade, ainda em um movimento lento e gradativo.

“No geral, o Custo Efetivo Total, que é anual, tem um abatimento de 2%. Isso dá entre R$ 300 e R$ 500 a menos por mês, na maioria dos casos. É um valor significativo para o orçamento, e que pode ser direcionado para o pagamento de outros compromissos”, aponta o gerente-sócio da Lar Imóveis, Wayne Benfica.

Para a gerente comercial Cristina Magalhães, a portabilidade significou mais que economia. Com a troca do financiamento do Itaú, onde era correntista há 18 anos, para o Banco do Brasil, conseguiu salvar o apartamento. “Sem a redução do valor das parcelas, teria que vender a casa para comprar uma mais barata”, relata.

Com juros mais baixos, de 7,5% ao ano, ao contrário dos 11,5% do contrato anterior, Cristina deixou de pagar R$ 200 por mês. A prestação que era de R$ 1.700 caiu para menos de R$1.500.

“Pode parecer pouco, mas fez uma diferença enorme. Recomendo a portabilidade para todo mundo”, diz.

Os benefícios só não são maiores por falta de regulamentação da lei que já existe desde 2006, dizem especialistas. Sem normas claras, o negócio ainda é visto com desinteresse por alguns bancos e quem acaba perdendo é o consumidor que tem dificuldade para mudar de credor.

Outro empecilho está nos encargos. Para fazer a portabilidade, o cliente terá que arcar com o custo referente à avaliação do imóvel, que fica em torno de R$ 850.

Fonte: Hoje em Dia – 16/01/2014