O prefeito Marcelo Crivella anunciou ontem que tem um projeto para assumir a administração do Porto do Rio. Ele disse que pretende criar a Autoridade Portuária Municipal, para coordenar toda a operação do cais, que hoje é administrado pela Companhia Docas, uma estatal federal. Crivella diz que pretende revitalizar o trecho da orla, entre a Gamboa e a Rodoviária Novo Rio, usando o conceito que ele chama de “shopping portuário”, que inclui a criação de áreas de lazer e de uma moderna estação para receber os passageiros de navios.
TERMINAIS MODERNOS
Crivella quer que as atividades portuárias sejam concentradas nos cais de São Cristóvão e do Caju, onde seriam construídos terminais modernos e adequados para o apoio off shore e para receber veículos e cargas da siderurgia. Armazéns ociosos e prédios e galpões desocupados, ao longo da Avenida Rodrigues Alves, fariam parte de um novo boulevard, que seria integrado à Orla Conde. A ideia é instalar nos armazéns, hoje alfandegados, shoppings, cinemas e restaurantes, permitindo o acesso do público às margens da Baía de Guanabara. Portanto, numa eventual municipalização, esses depósitos, que hoje são ativos da Companhia Docas, seriam cedidos à Autoridade Portuária Municipal por tempo determinado.
– Ali tem Receita Federal, Polícia Federal, os operadores do Porto. Eles vão continuarão lá trabalhando com a carga e a descarga. Agora, a articulação, a supervisão, a autoridade, ou seja, a última palavra será dada pelo município. O município vai administrar os recursos (tarifas portuárias e arrendamentos) e vai assumir também as despesas – explicou o prefeito após exibir um vídeo sobre o projeto, ressaltando que o porto de Arraial do Cabo, na Região dos Lagos, foi municipalizado.
O plano foi apresentado anteontem ao presidente Michel Temer que, segundo Crivella, se mostrou interessado. No entanto, até a noite de ontem, o projeto não tinha chegado ao Ministério dos Transportes, que é responsável pelos portos do governo federal.
– O presidente disse que vai estudar e achou que nossos argumentos (meus, da Firjan e da Associação Comercial) são coerentes – disse o prefeito.
A proposta do município é “dar vida” à região que já teve um trecho revitalizado na gestão passada. O prefeito quer evitar a desvalorização da Zona Portuária:
– Já foi feito um grande investimento ali. Não podemos perder ou deixar desvalorizar o que já conquistamos. Os hotéis estão ficando vazios. Já tem empresário querendo fechar as portas. Então, o Porto Maravilha precisa do Porto do Rio – disse.
O prefeito disse que pretende construir ainda uma ciclovia na região:
– O Eduardo (Paes) fez um terço (da revitalização de toda a região). Eu preciso completar os dois terços. Queremos melhorar as vias de acesso para embarque e desembarque; queremos que o Porto tenha acesso ao mar. É levar o Aterro do Flamengo até a Rodoviária Novo Rio. Queremos ver gente no Porto.
CUSTOS NÃO SÃO DIVULGADOS
Ao ser perguntado sobre o custo da municipalização do Porto, o prefeito não quis dar números, mas ressaltou que investimentos já feitos no local:
– Não vai custar tanto. Acho que o grande custo são os R$ 25 bilhões que já gastamos ali até agora – afirmou Crivella, confirmando que a prefeitura tem hoje uma dívida de R$ 40 milhões com a concessionária Porto Novo, que é responsável por cuidar de toda a área revitalizada naquela região.
OS NÚMEROS
5,5 MILHÕES DE TONELADAS
É a capacidade anual que o Porto tem de movimentação de carga.
1 MILHÃO DE METROS QUADRADOS
Área de operação ocupada com a entrada e a saída de carga (trigo, ferro, granéis, produtos em contêineres, entre outras) no Porto.
R$ 25 BILHÕES
Investimentos feitos pela prefeitura para revitalizar a Zona Portuária.
Fonte: O Globo – 01/04/2017