Batido o martelo: um trecho de orla na Zona Portuária será aberto ao público. Num entendimento entre a prefeitura e a Secretaria dos Portos, pelo menos quatro dos 17 armazéns do Porto perderão o status de área de alfândega. Em outras palavras, cariocas e visitantes poderão ter acesso aos galpões e também ao cais à beira da Baía de Guanabara nos armazéns 1,2, 3 e 6, todos em frente ao futuro boulevard da Orla Conde, entre a Praça Mauá e o AquaRio. O desejo do município é liberar também o Armazém 4. Apesar da proximidade com ícones como o futuro Museu do Amanhã, essas áreas hoje têm circulação restrita.

Conforme mostrou O GLOBO no início do mês, o prefeito Eduardo Paes negociava com o ministro dos Portos, Edinho Araújo, a abertura dos galpões. O acordo foi confirmado ontem por Paes. Com isso, os armazéns “desalfandegados” poderão abrigar restaurantes, livrarias, teatros ou outras atividades comerciais, culturais e de lazer. Já o Terminal Internacional de Cruzeiros, que atualmente funciona entre os armazéns 1 e 5, passaria a funcionar no 5, podendo ocupar também o 4, dependendo da necessidade, segundo explicou Alberto Gomes, presidente da Companhia de Desenvolvimento Urbano da Região do Porto do Rio (Cdurp).

– A abertura dos armazéns é mais um passo para aumentar a conexão da cidade com a Baía de Guanabara, proporcionada pela reinauguração da Praça Mauá – afirma Alberto, lembrando que, agora, há um trâmite de regulamentação da decisão por parte da União. – Mas é um prazo relativamente curto. Talvez até o fim do ano.

PLANO DE HABITAÇÃO NA REGIÃO

O que não muda, porém, é a administração dos armazéns que serão abertos. Do 1 ao 5, continuará sob responsabilidade da concessionária Pier Mauá. E o 6 se manterá como o Armazém da Utopia, do Instituto Ensaio Aberto, que tem planos de ampliar as atividades culturais no local, com projetos como a construção de salas de cinema popular no espaço.

Nos planos de revitalização, outro projeto lançado ontem por Paes pretende criar 10 mil moradias de interesse social no Centro até 2026. Com o Plano de Habitação de Interesse Social do Porto do Rio, a expectativa é que, em dez anos, haja 100 mil moradores na região – 70 mil a mais do que hoje.

O município negocia ainda a desapropriação de 25 áreas no Porto, que serão usadas para a construção de residências.

– O grande desafio é essa ocupação que vai se dar na região. Não queremos um gueto só com pessoas pobres e só com pessoas ricas. A gente quer que a população original permaneça ali e que outras pessoas venham, que tenha muita gente morando e trabalhando – disse Paes.

 

Fonte: O Globo – 02/10/2015