Depois de muitos meses sem negócios relevantes, o mercado de escritórios de alto padrão está dando sinais de reaquecimento no eixo Rio-São Paulo.

 

A BR Properties está em fase final de negociação com quatro grandes inquilinos que ocuparão cerca de 70% de seu Complexo JK, na Vila Olímpia, em São Paulo.

 

As negociações são com uma multinacional do setor de consumo, uma grande consultoria internacional, uma seguradora americana e uma rede de academias.

 

O Complexo JK tem cerca de 72 mil metros quadrados e responde por boa parte da vacância do portfólio da BR Properties, a maior companhia aberta de investimento em imóveis comerciais do Brasil. Em novembro do ano passado, a empresa anunciou a locação dos primeiros 4.800 metros quadrados do complexo.

 

“Tinha muita gente ‘grávida’ dessas locações até a Copa,” diz um veterano do mercado imobiliário. “Agora, acho que vamos ter muito anúncio de locação saindo nos próximos três meses.”

 

O Thera Corporate, empreendimento de quase 30 mil metros quadrados da Cyrela Commercial Properties (CCP) na Avenida Berrini, também acaba de fazer sua primeira locação. Foram cerca de 6 mil metros quadrados locados para uma grande construtora de capital aberto.

 

Há sinais de atividade também no Rio, onde a L’Oréal acaba de encomendar um build to suit (um edifício a ser construído sob as especificações do futuro inquilino) na região portuária, que foi revitalizada. A Vale, que está procurando uma nova sede corporativa, também está movimentando o mercado. A mineradora, que hoje fica no Centro do Rio, precisa de 25 mil metros quadrados.

 

Em São Paulo, a vacância de edifícios chamados triple A (os de maior qualidade) está acima da média como resultado de uma sobreoferta de novos empreendimentos em meio a uma economia cambaleante. Mas alguns participantes do mercado acham que as negociações em curso mostram que o mercado não está tão fraco quanto o quadro macro faria supor.

 

“Apesar da economia estar crescendo só 1%, tem muita empresa ‘morando mal’,” diz uma fonte do setor. “Tem muita empresa que cresce acima do PIB e evitou mudar de endereço há dois, três anos porque os preços estavam proibitivos.”

 

Ainda na Vila Olímpia, a Camargo Correa vai entregar este ano um prédio de 110 mil metros quadrados – o Projeto Viol – mas a própria empreiteira deve ocupar metade do empreendimento.

 

Neste momento de mercado, os prédios de qualidade inferior devem amargar uma queda ainda mais acentuada nos alugueis na medida em que as grandes empresas buscam endereços melhores, segundo especialistas. Diz um deles: “Não estamos falando para ninguém construir mais prédios, mas esse excesso de oferta é pontual e vai acabar nos próximos dois anos. Em 2016, o mercado já vai pertencer aos proprietários de novo.”

 

Fonte: Veja Online – 25/07/2014