Do transporte marítimo para casa. Do navio para a cidade ou até mesmo o campo. Do canteiro de obras para os principais salões de decoração e design. Os contêineres ganharam o mercado da construção e demonstram que podem ir além do título de grandes caixas de aço.

Antes usados para o transporte em navios, há anos os contêineres estão também em canteiros de obras, como escritórios itinerantes, alojamentos e vestiários. Mas, nos últimos tempos, é cada vez mais comum ver esse tipo de equipamento ser usado como pontos de venda, comércio em geral e residências. Na Casa Cor 2015, principal salão de arquitetura, decoração e design de Belo Horizonte, diversos ambientes foram criados com contêineres.

A velocidade da construção modular, que é entregue praticamente pronta no canteiro de obras, e o fato de ser uma forma de construção ambientalmente correta, sem resíduos, são o grande diferencial levado em conta por quem já aderiu a essa tendência. Da fábrica são, em média, três dias para a montagem e o contêiner pode ser entregue até mesmo mobiliado. As medidas variam de 13,8 m2 até 27,56 m2 (as de 40 pés), mas os espaços podem ser construídos da união de mais de um equipamento para a formação de ambientes maiores.

“Além de poder adaptar o contêiner de acordo com a necessidade de cada cliente, quem opta por esse tipo de construção já percebeu a redução drástica nos resíduos de obras, no valor gasto em materiais e na velocidade da construção, que demora, em média, 90 dias, contando com as obras básicas de alvenaria e instalações hidráulicas e elétricas”, afirma Caio Santos, técnico de desenvolvimento de projetos da Lafaete, empresa mineira com 45 anos de mercado nos segmentos de locação, fabricação e venda de equipamentos para construção civil, infraestrutura e mineração e indústrias em geral.

A Lafaete é pioneira nesse segmento e oferece infraestrutura e serviços desde o projeto até a entrega da obra com o contêiner. A empresa faz toda a customização, cria divisórias internas e monta as instalações hidráulica e elétricas, de acordo com o perfil de cada projeto. A Lafaete possui linhas específicas que já são entregues com revestimento térmico e acústico, para deixar o ambiente interno com uma temperatura agradável e evitar o incômodo do barulho de chuvas, por exemplo.

A tendência tem se mostrado tão forte que a empresa possui uma fábrica com 80 funcionários em Mirassol (SP), onde são produzidos, mensalmente, cerca de 400 módulos de contêineres de 2,30x6m. A meta é aumentar a capacidade instalada da fábrica para 700 módulos por mês em pouco tempo.

Como exemplo de empreendimentos recentes da empresa, Caio Santos cita duas cozinhas industriais montadas para a Sodexo na Petrobras em Cubatão (SP). “Trata-se da maior cozinha industrial em contêiner no Brasil. Utilizando 22 módulos, foi montada em 30 dias e serve cerca de 6 mil refeições por dia”, conta.

Outros usos possíveis são para salas de aula, como é o caso da Escola Americana, e os estandes de vendas de construtoras, como da Direcional Engenharia. “Em tempos de crise, muitas empresas buscam alternativas para cortar gastos e manter sua saúde financeira em dia e os contêineres têm demonstrado que são ótimas alternativas para a construção, com qualidade, rapidez e ecologicamente corretas”, finaliza Santos.

Tendência mundo afora

As arquitetas Juliana Lima e Bruna Bonfante foram destaques  na 21ª edição da Casa Cor Minas, realizada no início de outubro, com o ambiente “Contêiner Office”. As profissionais foram premiadas na categoria “Gentileza” com um projeto que se destacou pelo aproveitamento e boa solução para o conforto térmico. A proposta do “Contêiner Office” era oferecer mobilidade para empresas e profissionais que precisam de uma sede móvel, capaz de ser transportada para diferentes áreas de atuação. O espaço foi feito em contêiner de 40 pés dividido em estações de trabalho, sala de reuniões e sala da diretoria, com mobiliário corporativo feito pela HomeOffice Móveis.

Outro destaque em contêiner na Casa Cor foi a “Sala de banho Deca”. Os arquitetos da Bel Lar Acabamentos, Ângelo Coelho e Cristina Morethson, transformaram um contêiner em um espaço que apresentou o que há de mais moderno e inovador no setor de revestimentos.

 

Fonte: Dino – 02/12/2015