Numa época em que palavras como “ecologia” e “sustentabilidade” ainda não faziam parte do vocabulário da maioria, eles eram chamados simplesmente de jardins suspensos. Elevados à categoria de terraços ou tetos verdes, os projetos que usam plantas para recobrir lajes e telhados começam, pouco a pouco, a ganhar mais espaço na cidade. Seguindo a cartilha da arquitetura sustentável, prédios comerciais ou edifícios públicos construídos ou retrofitados recentemente no Centro do Rio ganharam um cantinho verde no topo. É o caso da sede do Tribunal de Justiça, que desde 2013 tem um tapetão de quase dois mil metros quadrados. Na Barra, o mesmo conceito foi aplicado no Village Mall, que tem uma área de 860 metros quadrados.

Um dos melhores exemplos de telhado verde das antigas está no Palácio Gustavo Capanema, ícone do modernismo brasileiro, no Centro. Restaurado recentemente, o jardim foi criado nos anos 40 por Burle Marx.

– O telhado verde hoje está em voga devido às questões ambientais e ao conforto térmico, mas é algo que já vinha sendo feito por Burle Marx e sua equipe desde as décadas de 40 e 50. Dependendo do projeto, encontramos soluções como jardins sobre uma laje que não teria uso – diz o arquiteto Julio Ono, do escritório de paisagismo Burle Marx.

Atualmente, o escritório está por trás de projetos para torres modernas, como a do Centro Empresarial Senado, na Avenida Henrique Valadares, no Centro, e para edifícios revitalizados, como o da Biblioteca Parque Estadual, na Avenida Presidente Vargas, no mesmo bairro.

O novo prédio do Museu da Imagem do Som (MIS), em Copacabana, também terá uma telhado verde. Mais um projeto com a marca do escritório Burle Marx. Com 227 metros quadrados, ele vai ocupar cerca de um terço da área externa acessível ao público no último pavimento.

Tudo foi pensado como um grande gramado, onde os visitantes poderão se sentar ou deitar, tanto para assistir a filmes num telão retrátil que haverá no local, quanto para contemplar o visual da praia que fica bem em frente.

– Esse terraço verde foi pensado para seguir o conceito de todo o projeto do prédio, assinado pelo escritório americano Diller Scofidio + Renfro, que convida os pedestres a usarem o espaço como extensão do calçadão de Copacabana. Ele será feito de grama sobre uma laje inclinada. Lembra um pouco o conceito daqueles gramados inclinados da Quinta da Boa Vista – compara Julio Ono.

 

Fonte: O Globo – 07/06/2015