Apesar da grande oferta de imóveis novos no mercado, os antigos têm lá os seus encantos e mantêm um bom ritmo de vendas. Nos últimos doze meses até maio, mais de 34% dos apartamentos residenciais usados vendidos em Curitiba tinham mais de 20 anos de construção. O dado é do Instituto Paranaense de Pesquisa e Desenvolvimento do Mercado Imobiliário e Condominial (Inpespar), do Sindicato da Habitação e Condomínios do Paraná (Secovi-PR).

Entre as kitinetes, quase 70% dos imóveis comercializados foram construídos há mais de duas décadas. Nos apartamentos de três quarto – considerados o sonho de consumo dos curitibanos -, o número de unidades que já atingiram a ‘maioridade’ corresponde a 37% dos imóveis vendidos no período.

A localização privilegiada é um dos aspectos que justificam a procura por este tipo de imóvel. Geralmente, os prédios foram construídos no Centro ou nos bairros que cercam a região central, como Água Verde e Batel, explica Luciano Tomazini, vice-presidente de vendas do Secovi-PR. “A falta de lotes nestas regiões faz com que quem deseja morar nesses bairros opte pelos imóveis antigos”, diz.

Foi o que fez o casal Ana Maria dos Santos e David Queiroz de Sant’Ana. A facilidade de se locomover a pé para realizar as tarefas do dia a dia era um dos primeiros itens da lista quando decidiram deixar o apartamento localizado no Vista Alegre e adquirir o novo imóvel, com cerca de 40 anos, no Alto da Glória. “Agora, poderemos ir andando para o trabalho”, dizem.

O preço mais em conta é outro destaque. Sidney Axelrud, sócio-proprietário da Cibraco Imóveis, conta que um apartamento usado com alguns anos de construção custa, em média, 20% menos do que um novo localizado na mesma região. “O cliente compra mais m² privativo pelo mesmo valor”, acrescenta Tomazini. O resultado são apartamentos amplos, com pé-direito mais alto e plantas privativas que facilmente ultrapassam os 100 m².

VALORIZAÇÃO Ao contrário do que se pode imaginar, a idade não é o principal fator na determinação do preço de um imóvel. Marcelo Freitas, corretor de imóveis e diretor financeiro do Sindicato dos Corretores de Imóveis no Estado do Paraná (Sindimóveis), explica que a localização e a qualidade do apartamento têm mais peso nessa conta. “Uma unidade antiga reformada e em boa localização consegue ter mais liquidez no mercado”, afirma.

 

Segundo Freitas, a idade geralmente começa a pesar após os 30, 40 anos de construção, quando novos projetos e conceitos começam a depreciar o valor do imóvel antigo, principalmente se ele não foi bem conservado. “Um apartamento bom num prédio mal cuidado é outro ponto que merece atenção. O hall e a fachada são os cartões de visita da moradia, por isso a qualidade do edifício também tem reflexos no preço do imóvel”, explica.

CHARME DOS ANTIGOS VAI ALÉM DA LOCALIZAÇÃO, PREÇO E METRAGEM Localização, preço e metragens superiores são os principais destaques dos imóveis antigos. Mas não são os únicos. Construídos há mais de vinte anos, muitos empreendimentos carregam também a assinatura de nomes conhecidos da arquitetura curitibana e brasileira, o que traz charme aos espaços e pode ser um fator de motivação para a compra.

O arquiteto David Queiroz de Sant’Ana conta que a esposa, Ana Maria dos Santos, ficou entusiasmada ao saber que o apartamento que adquiriram tem a assinatura de Roberto Gandolfi , um dos nomes da arquitetura modernista de Curitiba.

A arquiteta Andressa Haratz, sócia do escritório Creatio Arquitetura, explica que esses traços podem ser destacados durante a reforma do apartamento, de forma a resgatar a memória do imóvel e manter a originalidade do projeto. “Independente de ser de um arquiteto específico ou de uma época interessante, seguir esse padrão em alguns detalhes do apartamento é importante para conservar suas características e valorizá-lo”, afirma.

 

Fonte: Gazeta do Povo – 30/07/2014