O volume de investimentos públicos e privados hoje no Município do Rio de Janeiro ultrapassa a cifra de R$40 bilhões, possibilitando a criação de 23 mil postos de trabalho. Essa quantidade de recursos aplicados consolidará o que a cidade tem de melhor em seus 449 anos de existência, comemorados hoje: a vocação para o setor de serviços, com destaque para turismo, gastronomia e hotelaria.

Para o economista Mauro Rochlin, professor de MBA da Fundação Getulio Vargas (FVG), o legado das Olimpíadas, que ocorrerão em 2016, será o impulso necessário para o salto qualitativo do Rio. “O Rio passa por uma enorme transformação, com investimentos em diversos segmentos da economia. Porém, o resultado só ocorrerá se realmente houver uma mudança de patamar do que a cidade é hoje, transformando-a no principal destino turístico do país”, aponta Mauro Rochlin.

Segundo ele, as atuais obras de infraestrutura e de mobilidade urbana em diversos bairros do município, assim como a expansão da rede hoteleira e a instalação de novos equipamentos culturais, como o Museu do Amanhã e o Museu da Imagem e do Som, têm a missão de estender o crescimento econômico para além de 2016.

“Tudo o que está sendo investido realmente terá desdobramento, trará o desenvolvimento que todos desejamos. Isso é o que todos esperam”, diz o economista. Secretário Estadual de Desenvolvimento Econômico, Julio Bueno reforça que a vocação do Rio é o segmento de serviços.

Mas, ele aponta outros setores que também se expandem como o de tecnologia, no Fundão, o naval, e o distrito industrial de Santa Cruz, recuperando uma característica industrial, que se perdeu entre as décadas de 1980 e 1990. “Lá está surgindo a nova planta da BioManguinhos, a Rolls Royce de turbinas, entre outros investimentos”, explica Bueno. Ele cita, porém, que boa parte dos investimentos ocorre devido à relação entre as esferas de governo, federal, estadual e municipal.

Rede hoteleira atingirá 52 mil leitos em 2016 

 Os principais destaques da cidade nos últimos anos ficaram por conta da expansão da rede hoteleira, da valorização imobiliária e do avanço nas obras do Porto Maravilha. Para 2014, estão previstas a construção e adaptação de cinco mil novos quartos, segundo o Sindicato de Hotéis (SindRio). Hoje, o município tem 34.130 unidades. Para a Copa, espera-se chegar a 39,2 mil, sendo 26,6 mil em hotéis e 12,6 mil em albergues e pousadas.

Para 2016, a expectativa é de que a capacidade de hospedagem alcance 52,5 mil quartos, sendo 39,8 mil em hotéis e 12,8 mil nos demais estabelecimentos. “É interessante destacar o crescimento dos hostels, que foi bastante expressivo”, disse Pedro de Lamare, presidente do SindRio. O bairro com maior valorização na venda foi o Centro (204,11%). Para aluguel, Vila Isabel se destacou e foi o que mais encareceu (183,44%). Vice-presidente do Secovi, Leonardo Schneider cita como fatores as obras de infraestrutura, além de projetos como o do Porto.

Rio ganha com união política 

 Professor do Departamento de Sociologia e Política da PUC-Rio, Ricardo Ismael diz que, na medida que a cidade torna-se sede de uma Copa do Mundo e das Olimpíadas, é natural receber mais recursos federais. Porém, segundo ele, a aliança política estabelecida a partir de 2007 pelo então presidente Luiz Inácio Lula da Silva com o governo do estado beneficiou ainda mais a cidade do Rio, que passou por longos períodos de esvaziamento político e econômico.

O sociólogo lembra que o município perdeu muito quando deixou de ser Capital Federal, com a transferência de órgãos e servidores para Brasília. A situação se agravou depois com a fusão entre os estados da Guanabara e do Rio de Janeiro, em 1975 e, posteriormente, com as disputas políticas, que criavam desavenças entre a União, o governo estadual e a prefeitura.

“Como o governo federal concentra a maior parte dos recursos, por meio da arrecadação dos tributos, ninguém quer brigar com a União. Mas, as transferências voluntárias de recursos ocorrem por critérios políticos. Assim, nos últimos anos, a cidade soube se aproveitar de aliança política circunstancial, quando o Lula se aproximou do Rio de Janeiro, já que São Paulo e Minas eram administrados pelo PSDB”, explica.

Fonte: Jornal O Dia  – 01/03/2014