coworking

Compartilhar para reduzir custos e aumentar a interação. É isso que pretendem os adeptos do coworking, um modelo de trabalho em que espaço e recursos são divididos por empreendedores de diversos segmentos, barateando seus investimentos em escritórios físicos. Com mensalidades a partir de R$ 390, no Rio, o formato virou uma tendência.

– Compartilhamos um espaço de junho de 2015 até junho de 2016. Isso nos ajudou a economizar para abrir nosso próprio escritório depois – diz Heitor Maia, de 26 anos, sócio de uma empresa de advocacia: – O lugar custava um terço do preço que pagamos hoje, no nosso ponto. E sem o compromisso de um contrato com prazo firmado.

A economia fica por conta da divisão de algumas despesas fixas, como serviços de limpeza, recepcionista e telefonia. Estações e salas de trabalho nessa modalidade são vendidas por empresas especializadas. Embora menos comum, algumas têm até planos virtuais, a partir de R$ 110. As coberturas variam, incluindo do direito de usar o endereço do espaço físico para receber correspondências até a realização de reuniões no local, por exemplo.

– O intuito é agregar empreendedores que se complementem – explica Fernando Bottura, presidente da especializada GoWork, que gere unidades na cidade de São Paulo, exemplificando como isso é incentivado: – Fazemos cafés da manhã coletivos, mensalmente, nas unidades. E temos uma plataforma interna com um catálogo de profissionais associados, que podem se conectar e costumam oferecer descontos uns para os outros.

No coworking, as regras de convivência são básicas:

– Só é preciso bom senso. Afinal, se você não faz amizade num clube sendo chato, no coworking é a mesma coisa.

Isso não quer dizer formalidade em excesso. Os espaços, como clubes, aliás, têm formatos bem diferentes. E, para se sentir confortável, os empreendedores devem buscar características próximas às suas. Em Botafogo, na Zona Sul do Rio, o Espaço Tempo, por exemplo, tem um perfil mais despojado.

– Mais do que uma casa, é uma plataforma de experimentação. Fica aberta 24 horas e nos feriados. Também tem piscina para uso – conta o gerente operacional, Neto Gama.

Como montar um ambiente próprio

Se compartilhar não está nos planos do empreendedor, é preciso esquentar um pouco mais a cabeça para economizar. Antes de comprar, é bom pesquisar e questionar:

– A ideia é essa: “O que eu posso usar na minha casa, que não vai fazer falta?”. Pode ser uma luminária, um sofá, uma cadeira ou uma mesa de jantar pequena, que sirva para seu escritório. Brechó também tem muita coisa legal, assim como em sites de vendas de usados – diz a designer de interiores Ana Adriano.

O especialista em Medicina do Trabalho da Delphi, David Gurevitz, salienta que a crise no país pode abrir oportunidades de compra e venda de mobílias usadas:

– Há empresas fechando e vendendo seus mobiliários a preço de banana. E são de altíssima qualidade.

Qualidade e saúde devem receber atenção

Na tentativa aliviar o bolso, no entanto, o empreendedor não deve subestimar outros critérios, como a qualidade:

– Quando você pensa em montar um escritório, deve considerar o custo inicial e a duração. Ao comprar um piso, por exemplo, é importante conhecer sua durabilidade. Ou, daqui a um ano, vai gastar tudo de novo. E ficará mais caro – alerta o diretor da Delphi, David Gurevitz.

E essa não deve ser a única preocupação para criar um ambiente também funcional.

– Carpete, por exemplo, é péssimo no Rio de Janeiro. É caro e também não ajuda no aspecto higiênico. E é importante que todo o mobiliário atenda às especificidades ergonômicas. Tanto faz o móvel ser novo ou usado, mas deve estar adaptado ao novo ocupante – diz ele.

Recauchutar pode sair bem mais em conta

– Tem tutorial na internet para pintar móveis. É fácil: limpar, lixar, limpar, aplicar uma base selante e, depois, o spray ou a tinta. Precisa que seja impermeável? É só aplicar papel contact – diz Adriana.

Quando a missão é um pouco mais difícil, o empreendedor pode apelar para a ajuda de um marceneiro ou até de um ateliê. No Humaitá, o Lá na Ladeira faz esses serviços.

-É o nosso forte, e a procura cresceu muito. Vendemos bufês próprios, que custam de R$ 3.500 a R$ 3.800. Quando alguém traz um para reforma, o custo varia entre R$ 1.800 e R$ 2.500 – diz Julia Mendes, de 39 anos, uma das donas.

Comprar ajustáveis é uma boa dica

“Por isso, a recomendação é que os móveis sejam reguláveis. A cadeira, por exemplo, deve poder ter seu assento e seu encosto ajustáveis para alguém com 1,50m ou 1,90m”. A dica do também perito em ergonomia David Gurevitz é para facilitar a busca por um mobiliário adequado à saúde.

– Ao digitar, nossos braços devem estar num ângulo de 90 graus ou mais em relação ao nosso corpo. Assim, a mão não pode estar mais alta do que o cotovelo. Do contrário, exige-se um esforço maior dos tendões e provoca-se tendinite no futuro. Já o monitor do computador deve estar com sua metade ou um terço superior na altura dos olhos – orienta Gurevitz.

Fonte: Jornal Extra – 19/07/2016