Com o Rio cercado de obras por todos os lados, mobilidade reduzida e nervos à flor da pele, o carioca terá que preparar o espírito para se deparar, no segundo semestre, com mais máquinas e operários. Na preparação da casa para as Olimpíadas de 2016, ruas e avenidas do Rio ganharão asfalto novo. A Secretaria municipal de Conservação elabora os termos de 15 a 20 licitações que serão realizadas até abril, para escolher empresas que ficarão responsáveis pela recuperação do pavimento das vias públicas. A prefeitura não divulga o orçamento das obras e nem quais ruas serão incluídas no pacote. Mas o foco do trabalho, segundo o secretário Marcus Belchior, serão os trajetos previstos para as provas de rua dos Jogos – como as de ciclismo e a maratona -, o entorno das instalações olímpicas e as rotas de circulação dos participantes e do público.

 

Para abrir caminho a esse recapeamento geral, que será iniciado e terá que terminar no segundo semestre, a secretaria publicou ontem uma resolução endurecendo com as concessionárias de serviços públicos, como as de energia elétrica e telefonia. Obras planejadas, que impliquem perfurações ou escavações nas ruas, só serão permitidas até 30 de junho. A exceção ficará por conta das emergências, que terão que ser justificadas. Se as concessionárias não cumprirem a determinação, a promessa do poder público é de multa e embargo de intervenções.

 

– Estamos falando mais duro com as concessionárias. A cidade vai passar por muitas intervenções. Teremos muita obra para entregar. E o prefeito quer que as obras da conservação na cidade estejam prontas até dezembro de 2015 – afirma Belchior.

Segundo a resolução, as empresas e concessionárias de serviços públicos terão que apresentar seu planejamento de investimentos, obras e reparos à secretaria até 30 de janeiro. Trabalhos já iniciados terão seu licenciamento reavaliado, para se adequarem aos novos prazos. A falta de cronograma poderá prejudicar ainda o licenciamento dos serviços. Quem não cumprir as regras terá seus equipamentos removidos para depósitos públicos e as obras embargadas. E mais: a Secretaria de Conservação poderá exigir indenização das empresas, caso tenha que fazer reparos emergenciais nas vias para liberá-las rapidamente ao tráfego.

Em 5 de fevereiro, a secretaria vai convocar uma reunião com as diretorias de Light, CEG, Cedae e operadoras de telefonia, entre outras empresas que utilizam o subsolo do Rio. Como os consertos e demais obras costumam ser feitos por terceirizadas, as empresas, segundo o secretário, terão que levar para o encontro os representantes dessas empreiteiras contratadas.

– Não vamos proibir obras emergenciais. Se estourar um duto, não terá jeito – diz Belchior.

O orçamento e a quantidade de ruas a serem beneficiadas, segundo o secretário, ainda estão passando por ajustes e serão validados pelo prefeito Eduardo Paes. Mas somente para as provas de ciclismo deverão ser recapeados 180 quilômetros de ruas. Haverá recapeamento na orla até Grumari.

Em dezembro passado, a União Ciclística Internacional (UCI) e o Comitê Organizador Rio 2016 anunciaram os percursos das provas de ciclismo das Olimpíadas. As disputas do ciclismo de estrada, por exemplo, terão largada e chegada no Aterro do Flamengo e passarão pela orla de Copacabana, Ipanema, Leblon e Barra, até a Praia da Reserva. A organização anunciou ainda provas em Grumari, Grota Funda e dentro da Floresta da Tijuca, na Vista Chinesa.

Ao restringir as autorizações para obras das concessionárias nas ruas, a secretaria tem ainda outra preocupação: estão previstos para o segundo segundo semestre eventos- teste das Olimpíadas na cidade, o que deverá exigir ainda mais da mobilidade e do planejamento de trânsito. Segundo o site do Comitê Rio 2016, de julho a outubro serão realizadas provas de esportes ao ar livre, como triatlo e maratona, dentro do Aquece Rio Open Series. As competições estão previstas para esses meses para oferecer aos atletas as mesmas condições climáticas que serão encontradas durante os Jogos.

Além das vias a serem usadas nas provas de rua, serão asfaltadas ruas e avenidas no entorno das instalações olímpicas, como o Engenhão e o Parque Olímpico de Deodoro, para melhorar as rotas de acesso para atletas e público.

Fonte: O Globo – 03/01/2015