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Depois de deixar a estação General Osório, em Ipanema, em 23 de dezembro de 2013 rumo à futura Linha 4 do metrô, o tatuzão chegou exatamente às 04h58m24s de ontem ao Alto Leblon, rompendo assim os 3.620 metros de rocha e areia que impediam a ligação subterrânea entre as zonas Sul e Oeste. Com quatro meses de atraso e muitos percalços, o fim das escavações entre Ipanema e Barra da Tijuca lançou a tão desejada luz no fim do túnel. Como a perfuração era considerada a etapa mais delicada do projeto, o governo estadual garante agora que concluirá a obra e a entregará ao público em julho, portanto antes das Olimpíadas, que começam em 5 de agosto.

Em sua página no Facebook, o governador Luiz Fernando Pezão, que se encontra internado para tratamento de uma infecção no Hospital Pró-Cardíaco, comemorou a conclusão das escavações: “Hoje recebemos uma grande notícia! O tatuzão rompeu a última parede e uniu os túneis das zonas Oeste e Sul da Linha 4 do metrô. Mais uma etapa vencida! Parabéns aos quase dez mil trabalhadores responsáveis pela construção dessa grande obra, que em breve a população vai usufruir”.

MÁQUINA FARÁ AGORA ESCAVAÇÃO ATÉ A GÁVEA

A partir de hoje, técnicos começam uma nova corrida contra o tempo, com a instalação do último quilômetro de trilhos entre Ipanema e Leblon, a conclusão das obras de acabamento das estações e a implantação do sistema de sinalização da via. Já o tatuzão será posicionado e preparado para reiniciar a escavação, desta vez até a Gávea, trecho que só deverá ficar pronto em 2018.

– É uma emoção especial ver a chegada do tatuzão. Trabalhamos muito, desde 2010, nesse projeto e acompanhamos a escavação do trecho sul, que partiu de Ipanema e atravessou todo o bairro, passou pelo Jardim de Alah, pelo Leblon e agora chega ao seu destino final – disse o secretário estadual de Transportes, Rodrigo Vieira. – O tatuzão permitiu que nós fizéssemos a Linha 4 no coração da demanda da Zona Sul, construindo as estações em locais estratégicos.

Cerca de cem operários trabalham por turno com a máquina. Construído sob medida para operar no solo carioca – uma mistura de rocha, areia e água -, o equipamento é o maior tatuzão utilizado na América Latina, com 120 metros de comprimento.

De acordo com o estado, 92,5% das obras estão concluídas. A promessa é que todas as cinco novas estações (Nossa Senhora da Paz, Jardim de Alah, Antero de Quental, São Conrado e Jardim Oceânico) estarão em operação antes dos Jogos Olímpicos. Ainda em fase de acabamento, elas já contam com acessos para passageiros, piso de granito, pastilhas decorativas e painéis artísticos. Escadas rolantes e elevadores já estão em testes em algumas estações. Todas foram construídas de forma a garantir a acessibilidade, inclusive com rampas.

Em janeiro, os sistemas operacionais começaram a ser verificados. Na Barra da Tijuca, as obras civis da ponte estaiada já estão finalizadas.

Apesar do otimismo do estado, ainda há problemas. A crise financeira enfrentada pelo governo, por exemplo, é um fantasma que ronda o projeto. Na semana passada, a Alerj aprovou um empréstimo de cerca de R$ 900 milhões, considerado fundamental para o término da nova linha do metrô. Falta, no entanto, o dinheiro entrar no caixa do estado.

Para o professor da Uerj e engenheiro especialista em transportes Alexandre Rojas, com o fim tardio das escavações, o maior problema não é aprontar as estações ou retirar o entulho – o que pode ser feito em um mês -, mas reduzir o período ideal de testes:

– O que é preocupante é o tempo que se tem para testar. Seriam necessários três meses de testes antes de tornar a Linha 4 operacional. Não adianta ser pela metade: tem que testar o trem saindo da General Osório e chegando ao Jardim Oceânico. Se esses testes não são feitos, deve-se tomar medidas de segurança, como operar o trem em velocidade menor. A linha vai estar pronta em julho e em agosto ela tem que estar operacional. É muito pouco tempo.

Fonte: O Globo, 11/abr