Os arquitetos Uli Zens, 56, e João Pedro David, 31, do escritório Incriatório, desenvolveram um sistema vertical para captação e armazenamento de água da chuva que ocupa menos espaço do que as cisternas tradicionais, que podem ser três vezes maiores, e tem menor impacto visual.

Instalado em uma casa na Lapa (zona oeste de São Paulo), o sistema armazena 320 litros de água em cerca de meio metro quadrado e é inspirado em um projeto de cisterna do também arquiteto Manu Matos, amigo da dupla.

No sistema, a água da chuva é captada por uma calha e passa pelo filtro, que separa a água de folhas e sujeira.

A estrutura modular pode ser utilizada em empresas, casas e prédios, por ser adaptável a diferentes edificações.

“A sustentabilidade faz parte da nossa vida profissional, mas uma escassez como essa em São Paulo é um desafio”, diz Zens, que nasceu na Alemanha e já desenvolveu projetos de uso racional da água na Arábia Saudita.

Eles estimam que um sistema parecido custe em torno de R$ 9.000, já incluindo o material e a mão de obra, e que o gasto com água no fim do mês caia pela metade.

A água armazenada tem vários usos: limpar o quintal e as áreas internas da casa, regar as plantas e também as da praça localizada em frente à residência. Mas eles lembram que a maior economia vem da conscientização dos moradores.

“É preciso entender a água como parte de um ciclo e esse ciclo também deve existir nas casas. A comunidade pode produzir a própria água e criar sistemas de abastecimento e reúso”, diz David.

“A água de chuva ganhou mais valor com a crise”, avalia Zens. “Ela ajuda, mas não resolve. É preciso mudar o comportamento e usar menos água, ao invés de procurá-la cada vez mais longe.”

 

Fonte: Folha de São Paulo – 02/02/2015