A hora é de faturar

Faltam pouco mais de cinco meses para o início dos Jogos Olímpicos no Rio. A expectativa é grande. A possibilidade de lucro também, principalmente para quem mora no entorno do estádio do Maracanã. Além das partidas de futebol, o local será palco das festas de abertura e de encerramento do evento, entre os dias 5 e 21 de agosto. Na área, também serão disputadas provas no Maracanãzinho e no Parque Aquático Júlio Delamare.

Hospedar- se próximo ao local das competições facilita o deslocamento, em especial em uma cidade tão grande e com problemas de mobilidade como o Rio de Janeiro.

A região da Grande Tijuca carece de uma grande oferta hoteleira. Se por um lado isso pode ser considerado negativo, para quem vive ali, não é. Muitos moradores estão aproveitando a proximidade das Olimpíadas para alugar seus apartamentos. Para os turistas, há ainda outro ponto positivo. Mesmo com algumas competições acontecendo em locais tão próximos, é possível encontrar diárias mais baixas do que em bairros da Zona Sul, tradicionalmente mais caros. Pelo menos por enquanto…

É o caso do apartamento do servidor público Dan Ajdelsztajn, na Rua Professor Gabizo, a cinco minutos a pé do Maracanã. A diária para utilizar todo o espaço, que tem quatro quartos, é de R$ 1.900. Em Ipanema, esse preço pode chegar a R$ 4 mil.

Ajdelsztajn também pensa em transformar sua morada em uma hospedagem compartilhada.

– A diária será de R$ 690 por pessoa num quarto para três. Para duas, vou cobrar R$ 580. O apartamento comporta até dez pessoas – explica o funcionário público. – Fecharei pacotes para, no mínimo, dez dias.

Para Leonardo Schneider, vice-presidente da Secovi- Rio (Sindicato das Empresas de Compra, Venda, Locação e Administração de Imóveis do Rio de Janeiro), só mesmo um evento de grande porte como

os Jogos Olímpicos pode fazer com que o valor dos aluguéis na Tijuca se aproxime aos da Zona Sul, ainda que possam permanecer mais baixos.

– A Zona Sul é uma parte da cidade onde estão concentrados muitos dos pontos turísticos tradicionais. Isso fala mais alto. O viajante não vem apenas para ver as competições, mas para aproveitar a cidade – diz Schneider.

Também servidor público, Rafael Moreno mora com a mulher e dois filhos num apartamento na Rua Morais e Silva, no Maracanã. Como a proximidade do estádio é grande, dali é possível ouvir o barulho da torcida em dia de jogo.

 

Moreno pretende fechar um pacote de um mês por R$ 20 mil. O valor da diária sairia por cerca de R$ 650.

– Além de estar a um passo do Maracanã, acredito que a acessibilidade é o carrochefe da região. O transporte público é bom, e meu apartamento está a dez minutos a pé da estação do metrô de São Cristóvão – diz, elogiando, ainda, a infraestrutura do condomínio onde vive. – Quem vier para cá, vai encontrar um espaço legal com piscina, sauna, academia e cantina. Terá quase tudo o que um hotel oferece, menos o café da manhã pronto. Mas, se for comparar com o preço das diárias deles, acabará saindo em conta.

Na Rua Pereira Nunes, próximo ao Shopping Tijuca, dois amigos são donos e sócios de uma república em uma casa com cinco quartos ( um individual e quatro duplos).

Vanessa Carames e Alex Declat decidiram abrir o local há cinco meses para expandir o mercado de hospedagem na região. Eles, que pretendem cobrar uma diária de R$ 150 por pessoa, ainda pensam em abrir outra república até as Olimpíadas.

– É uma ótima oportunidade para faturar na crise econômica em que o país vive. O espaço está dando certo. Por isso queremos abrir mais uma – diz Vanessa.

O turista pode encontrar ainda apartamentos em bairros um pouco mais distantes do Maracanã. Eles saem por um preço ainda mais em conta.

A engenheira Aline Bustorff, proprietária de um apartamento de dois quartos na Rua Visconde de Santa Isabel, no Grajaú, planeja cobrar uma diária de R$ 800. Nele, cabem no máximo oito pessoas. Aline aposta na tranquilidade e no lado bucólico do lugar para conseguir alugar. Se alguém quiser agito, a opção são os animados bares do vizinho bairro de Vila Isabel.

– O Grajaú tem atrativos especiais, como a reserva florestal. E não fica longe do estádio. De ônibus, e sem trânsito, gastase menos de 20 minutos para chegar. É bom para o turista saber que existem atrações fora da Zona Sul – diz Aline.

 

Fonte: O Globo – 25/02/2016