Uma senhora com tudo em cima e boa memória. No ano em que completa 450 anos, a cidade do Rio passa por obras de modernização, mas sem esquecer o passado. No Centro – que se transforma com a instalação do VLT, novos museus e porto revitalizado – só no último ano, sete prédios e uma capela, no Quartel General da PM, foram tombados pelo Instituto Rio Patrimônio da Humanidade (IRPH). Incentivo e suporte financeiros são oferecidos para que o Rio Antigo seja preservado. Assim, na cidade em metamorfose, ainda é possível ver lugares onde quase nada mudou.

Na Praça Quinze, não é somente o Paço Imperial e o chafariz de mestre Valentim que guardam a história da cidade. A Tabacaria Africana, fundada em 1846, continua lá – modernizada, com café – e se tornou patrimônio imaterial do Rio, após decreto do prefeito Eduardo Paes, em janeiro. Desde 2013, o IRPH criou o Programa de Apoio à Conservação de Imóveis Privados, que concede apoio financeiro a donos de imóveis tombados e conservados no Centro.

– É importante que tenhamos políticas para auxiliar na conservação dos imóveis, pois sabemos que ela é muito trabalhosa e de responsabilidade dos proprietários. Estamos trabalhando para lançar o edital deste ano. Até hoje, cerca de 22 imóveis foram contemplados – diz o presidente do IRPH, Washington Fajardo.

Na Praça da República, a casa de Deodoro da Fonseca, onde o primeiro presidente do Brasil morou até 1890, foi mantida. O imóvel virou um museu, que conta detalhes do período republicano, com entrada gratuita. Do lado de fora, a fachada bem-cuidada é um convite aos visitantes, que, ao lado, podem pesquisar- ou apenas passear – no Arquivo Nacional. Com fachada imponente de três frontões, palmeiras imperiais e 11.500 metros quadrados, o prédio foi construído em 1868 para ser a sede da Casa da Moeda.

Mais de um século antes, em 1739, o Outeiro da Glória abria suas portas para os fiéis. Na parte alta do bairro de mesmo nome, a igreja, em que foram batizados Dom Pedro II e a Princesa Isabel, ainda preserva sua arquitetura, com tudo em branco e dourado. O interior também é o mesmo.

– A única coisa que muda é a vista e o número de frequentadores, que diminuiu. Mas a igreja é a mesma- conta o zelador Francisco Carlos Reis, que lá trabalha há 20 anos.

 

Fonte: Extra – 26/04/2015