Ainda este mês uma grande feijoada vai reunir os funcionários do Shopping Eldorado, em São Paulo numa grande confraternização. Mas não vai ser uma feijoada qualquer. Afinal, o feijão e a couve serão colhidos ali mesmo, no telhado do centro comercial, que há dois anos foi transformado numa grande horta.

Tudo começou em 2011 com um projeto de reciclagem. Os materiais limpos como plástico, vidro, papel e alumínio passaram a ser separados. Já o lixo orgânico, que normalmente continua sendo levado para aterros sanitários, também passou a ser separado para que a maior parte passasse por um processo de compostagem. Com isso, o shopping passou a produzir adubo, que num primeiro momento era doado a hortas comunitárias. Até que o shopping resolveu fazer um telhado verde em parte de sua cobertura.

– Todo empreendimento de grande porte deveria ter essa preocupação com a sustentabilidade. Além de envolver nossos funcionários, o projeto é bom por questões econômicas. Desde que fizemos o telhado verde, reduzimos nosso consumo de energia e também a quantidade de lixo que levamos para o aterro, o que também reduz nossos custos – conta Márcio Glasberg, gerente de Operações do mall.

Hoje, o shopping leva 200 toneladas de lixo por mês para o aterro: 40% menos que antes do projeto. A economia de energia ainda é pequena, já que apenas 2,5 mil metros quadrados do telhado tem a cobertura verde. Mas a intenção é que até o fim do ano, ela alcance seis mil metros quadrados.

Para que o projeto tivesse o resultado esperado, o primeiro passo foi mudar o sistema de funcionamento da praça de alimentação do shopping, que serve cerca de dez mil refeições por dia e costuma gerar 400 quilos diários de resíduos. Enquanto em outros centros comerciais, o cliente leva sua bandeja até a lixeira despejando todas as sobras num só lugar, no Eldorado, o recolhimento das bandejas é tarefa dos funcionários da limpeza, que levam os dejetos até ilhas de separação – há sete delas no shopping – onde é feita uma primeira seleção do lixo orgânico e limpo. O orgânico segue para uma usina de compostagem também localizada no shopping. Ali, ele passará por um tratamento com a inclusão de duas enzimas que tiram seu odor, eliminam o chorume e ainda aceleram o processo de compostagem: de 180 para apenas sete dias.

Mensalmente, são produzidas dez toneladas de composto orgânico e aproveitadas 45 toneladas de material reciclável. Mas em breve os números devem crescer. É que há dois meses o projeto entrou na segunda fase: de conscientização dos lojistas. A ideia é que a partir daqui, também eles passem a separar o lixo que produzem nas lojas para aumentar a produção de hortaliças do telhado.

Afinal, apesar de simples, a ideia beneficia a todos os funcionários. É que no dia da colheita, todos podem subir no telhado e fazer uma feirinha ali mesmo, gratuitamente.

 

Fonte: O Globo online, Morar Bem – 21/05/2014