A Vila dos Atletas para os Jogos Olímpicos e Paraolímpicos de 2016 está sendo erguida na Barra da Tijuca, Rio de Janeiro. Terminado o evento, que deve receber em torno de 18 mil atletas, a Vila dará lugar ao bairro Ilha Pura, cujas características de sustentabilidade já se destacam no canteiro de obras.

Quando finalizado, o empreendimento se estenderá por 870 mil m², dos quais 247 mil m² são destinados à Vila. Os apartamentos dos 31 prédios distribuídos em sete condomínios serão vendidos e entregues aos compradores em até um ano depois das competições.

O projeto do bairro planejado, e em construção pelas incorporadoras Carvalho Hosken e Odebrecht Realizações Imobiliárias, inclui um parque público de 72 mil m²; um viveiro de 20 mil in² para atender ao paisagismo, a cargo do escritório Burle Marx; 5.500 m² de espelhos d’água e uma ciclovia de 1,1 km.

No canteiro de obras

No canteiro onde trabalham mais de 7 mil pessoas, uma estação de tratamento de águas cinzas capta a água de chuveiros e pias que, depois, é utilizada na umectação de vias e em sanitários.

Ainda na obra, o monitoramento online e por radiofrequência em tempo real permite gerir o consumo de água e energia. A medição é setorizada nos 15 centros de atividade que incluem os condomínios, a cozinha industrial e a sede administrativa da Ilha Pura.

Quando o bairro estiver pronto, a estação de reuso será permanente e tratará a água dos chuveiros e lavatórios que, além do uso em sanitários, servirá para irrigar áreas verdes e abastecer espelhos d’água.

Torneiras, chuveiros e descargas “inteligentes” deverão reduzir o consumo geral de água no empreendimento. As medidas de racionalização de consumo incluem a captação de água da chuva e a pressurização de bombas que levam água para os edifícios.

Duas unidades de produção de concreto no canteiro ajudaram a diminuir a emissão de gases de efeito estufa (GEE). A iniciativa, aliada a outras práticas, como a coleta seletiva no local, contribuiu para uma redução de 39 mil toneladas de CO² em dois anos de obras.

Resíduos de fundações e estrutura de concreto foram britados e aplicados na obra. Os resíduos recicláveis são enviados a cooperativas de reciclagem e os orgânicos são transformados em adubo para as áreas de paisagismo. Uma caçamba-prensa reduz em 75% o volume de resíduos não recicláveis, o que limita o tráfego de caminhões e a emissão de GEE.

Formação de fornecedores

No Estado do Rio de Janeiro, apenas uma madeireira possuía todas as certificações florestais exigidas quando o empreendimento foi à busca de madeira nativa certificada. Contatos com o Conselho de Manejo Florestal (FSC) e o Programa Brasileiro de Certificação Florestal (Cerflor) resultaram no processo de capacitação de fornecedores.

Em parceria com a Control Union Certification, sete empresas – seis do Rio e uma de São Paulo – foram certificadas no início de 2014. Uma segunda fase, que incluiu o Sebrae, além da Control Union Certification, abriu o programa também para empresas do setor moveleiro. Dessa etapa, 10 fornecedores já foram certificados e um está em finalização do processo.

As certificações ambientais são importantes, pois dão novo impulso às técnicas construtivas. As empresas precisam se atualizar e capacitar os trabalhadores, em todos os níveis, para que a sustentabilidade vislumbrada em projeto se transforme em realidade.

No caso da Vila Olímpica de 2016, e futuro bairro planejado Ilha Pura, há duas certificações em curso: a LEED for Neighborhood Development (LEED para Desenvolvimento de Bairros) integra princípios de crescimento planejado e inteligente, urbanismo sustentável e edificações verdes.

Já a certificação AQUA Bairros e Loteamentos avalia um projeto segundo 17 objetivos de desempenho ambiental, como integração e coerência do bairro, recursos naturais, qualidade ambiental e sanitária do bairro, vida social e dinâmicas econômicas.

 

Fonte: Jornal do Commercio –  11/06/2015