O terreno em Charitas, Niterói, fica pertinho do Parque da Cidade. Tem, de um lado, a vista para o Rio, a Baía de Guanabara e o Pão de Açúcar. Do outro, a Mata Atlântica. Numa localização tão privilegiada não daria mesmo para construir qualquer casa. A solução, então, foi investir numa construção sustentável que respeitasse a natureza em volta e priorizasse as características naturais de sua localização.

A posição dos ventos e do sol foi a primeira a ser estudada pela arquiteta Viviane Cunha, que precisou lançar mão de algumas soluções para tirar o melhor proveito das condições naturais, ao projetar o imóvel, que ficará localizado num condomínio da cidade.

Nada de um grande bloco único, por exemplo. A planta foi desenhada com um recorte: tem um bloco mais à frente, uma área aberta no meio (que serve como um prisma de ventilação e permite que os ventos cruzem toda a casa) e um segundo bloco atrás. Com isso, todos os cômodos da casa, com exceção dos banheiros, têm ventilação cruzada, o que diminui a necessidade de uso de ar condicionado e melhora o conforto térmico no interior dos ambientes.

Brises para combater sol e sudoeste

A posição do bloco da frente foi escolhida por dois motivos: barrar o sol que vem do Oeste e o vento Sudoeste. É que, como o terreno é alto, o sol ali é horizontal e, à tarde, entraria com toda a sua força pela casa.

— Por isso, avançamos esse bloco para frente e previmos o uso de brises-soleils verticais e automatizados. Assim, de manhã, eles poderão ficar abertos para a linda vista que se tem dali e, à tarde, podem ser fechados evitando essa incidência mais forte — explica Viviane, acrescentado ainda que barrar o vento Sudoeste, aquele que traz as tempestades, é importante, pois o local onde ele bate costuma sofrer infiltrações.

Materiais que sejam práticos

Os brises escolhidos foram os feitos de aço pois são mais duradouros em regiões com tanta incidência de sol e ventos. Além deles, outra medida que foi adotada visando ao conforto térmico é a previsão de telhados verdes sobre os dois blocos. O da frente, aliás, tem até uma rampa de acesso e poderá ser usado como um terraço.

Além disso, houve uma preocupação com a escolha dos materiais. A estrutura será metálica e feita a partir de materiais reciclados. Os tijolos usados são do tipo solo-cimento, que dispensam o uso de revestimento, tornando a obra mais limpa e rápida. A casa ainda terá reutilização de águas da chuva e estação própria para tratamento de esgoto.

— A intenção era fazer uma construção com um bom custo-benefício e uma casa prática — diz Viviane.

A previsão é que toda a obra dure cerca de um ano. Por enquanto, está apenas começando, mas quando for concluída, a casa terá 250 metros quadrados, dois quartos na área principal, além de uma suíte ambientada como um loft para hóspedes.
Fonte: Jornal O Globo – 05/05/2014