Sinal positivo de Temer para o mercado imobiliário

Ao prometer a retomada e a conclusão de obras paralisadas do programa Minha Casa, Minha Vida e afirmar que a Caixa Econômica Federal não pode “trancar recursos”, o presidente em exercício Michel Temer acenou com fatos concretos para empresários do setor imobiliário. O alento é necessário.

Entre os primeiros semestres de 2015 e de 2016, segundo pesquisa do sindicato da habitação (Secovi), o número de unidades lançadas na capital caiu 42,8%, para 5,7 mil moradias, e a comercialização de apenas 7,2 mil unidades registrou queda de 25,5%, evidenciando as dificuldades do segmento imobiliário.

A crise é confirmada pelo Sistema Nacional de Pesquisa de Custos e Índices da Construção Civil (Sinapi), do IBGE, que subiu apenas 0,2% em julho e 6,47% nos últimos 12 meses, porcentuais bem inferiores aos da evolução do IPCA, de 0,52% no mês passado e de 8,74% entre agosto de 2015 e julho de 2016. O Sinapi mostrou queda real de preços de materiais de construção, embora o custo da mão de obra ainda esteja subindo acima do IPCA.

A pesquisa do Secovi indica que junho foi melhor que maio para a comercialização de moradias na capital. Mas os números são beneficiados pela sazonalidade e continuam inferiores aos de junho de 2015.

Só os lançamentos aumentaram em relação a junho do ano passado, mas ainda é cedo para esperar uma retomada firme. O programa de habitação popular é uma das poucas áreas em que a atividade imobiliária continua forte.

Imóveis com dois dormitórios predominam nas vendas da capital. Os lançamentos com maior procura são os de moradias com área útil entre 45 m² e 65 m², segundo o Secovi. A demanda também é mais forte nos imóveis com preços entre R$ 225 mil e R$ 500 mil, em geral localizados em bairros distantes do centro, por exemplo, na zona leste.

As limitações impostas pelo Plano Diretor e pela Lei de Uso e Ocupação do Solo do Município encarecem e dificultam os lançamentos. O presidente do Secovi, Flavio Amary, prevê queda de 20% a 25% nos lançamentos e de 15% nas vendas entre 2015 e 2016. Se os números se confirmarem, o segundo semestre será menos ruim do que o primeiro, indicando que também na área imobiliária o fundo do poço está próximo. Pela gravidade da crise – que atinge muitas companhias, inclusive de porte -, manifestações públicas voltadas para o aumento da confiança do setor são não só bem-vindas, mas necessárias.

Fonte: O Estado de São Paulo – 17/08/2016