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Com a proximidade das estações mais quentes do ano é comum acontecer um aumento significativo no consumo de água. Isso porque, naturalmente, as pessoas tomam mais banhos e frequentam mais as áreas de lazer dos condomínios, como piscinas, saunas, duchas, entre outros. Esse aumento de consumo que, em média, pode chegar até 50% segundo especialistas, também eleva na mesma proporção as contas e o risco de desabastecimento. Felizmente para essa questão já existem diversas alternativas, que passam por investimentos em infraestrutura, gestão otimizada e até tecnologias que possibilitam maior controle nos gastos. Soluções que podem contribuir tanto no verão quanto em qualquer outra época do ano.

“A reciclagem da água para reúso – residual da lavagem de louças, roupas, banhos, entre outros – pode sempre ser realizada para atividades com fins não potáveis, como descarga em vasos sanitários, rega de jardim, lavagem de pisos e veículos, entre outros. A prática tem se mostrado fundamental para economia do recurso, sendo capaz de suprir 30%, ou mais, das necessidades de um condomínio, além de diminuir a emissão nas redes de esgoto. Lembrando que Niterói conta com uma lei – 2856 de 25 de julho de 2011 – que obriga a instalação desse sistema nas edificações públicas e privadas”, explica o engenheiro Alexandre Santos, diretor da SRA Engenharia.

Outra medida importante para redução do consumo de água em residências, de acordo com Santos, é a instalação de hidrômetros individuais nas unidades habitacionais. Segundo ele, quando se torna obrigatório cada morador a pagar pelo que consome, aumenta-se a preocupação de evitar desperdícios, tais como vazamentos em sanitários, muito comum pela falta de manutenção adequada.

“Vale lembrar que a implantação de sistema de reúso tem que fazer parte da concepção do projeto do prédio, com definição das áreas técnicas capazes de acomodar a infraestrutura. Por outro lado, a instalação de hidrômetros individuais, embora necessite de uma obra complexa, é possível de ser feita em condomínios mais antigos. Os custos são variáveis. No caso do reúso, corresponde a 0,8% do custo total da construção, em média. Já os hidrômetros podem custar de R$ 3 a R$ 5 mil por unidade”, afirma o engenheiro.

Quando se fala em economia de água, o maior desafio é a mudança de hábitos da população, afirma Thiago de Mendonça, diretor da empresa Gota a Gota Soluções Inteligentes em Economia de Água. Segundo ele, mesmo com toda a informação ainda é comum encontrar pessoas lavando calçadas e automóveis, ou regando jardins com mangueiras conectadas ao sistema de abastecimento de água potável do edifício.

“A principal medida deve ser detecção dos vazamentos, manutenção frequente das caixas e válvulas de descarga e o uso racional da água através de regulagens das vazões de torneiras e duchas, assim como o monitoramento constante desse consumo. No nosso caso, trabalhamos com um monitoramento on-line que permite que eventuais vazamentos sejam detectados imediatamente. Quando o perfil de consumo “foge” do normal, são geradas mensagens via SMS e e-mail tanto para nós quanto para todos os interessados do condomínio. Assim, medidas corretivas podem ser tomadas logo que o problema é iniciado, evitando que ele apareça somente no recebimento da conta”, destaca Mendonça, que cita o cenário previsto pela ONU no relatório sobre o desenvolvimento da Água – Água para um mundo sustentável (2015) – que prevê um déficit de até 40% de água potável até 2030 como um grande alerta para o uso correto da água.

A gestão da água se revelou um bom negócio para a síndica Flávia Alves. Há um ano ela contratou um serviço especializado em administrar o consumo do recurso e já comemora a economia que, segundo ela, se converte em outros investimentos para o condomínio que administra. “Nossa conta de água chegou a R$ 19 mil e, hoje, com monitoramento do consumo, já conseguimos baixar para até R$ 9 mil. Desde o início da contratação já somamos em torno de R$ 90 mil em economia. Eles mediram cada torneira de cada unidade do prédio para saber se a quantidade e a força do jato eram ideais e nas que estavam acima do necessário foram instalados redutores”, explica.

Além da redução do gasto, Flávia conta que um monitoramento constante dos vazamentos foi fundamental para alcançar bons resultados.

“As louças brancas dificultam a percepção dos vazamentos, por isso a instalação de equipamentos que detectam o problema, assim como as vistorias constantes realizadas pela empresa contratada se revelaram extremamente vantajosas. Uma vez eles identificaram uma privada que estava desperdiçando água de madrugada e já me enviaram um alerta informando o quanto aquilo custaria em minha conta naquele mês. Além disso, quando a concessionária avisa que vai faltar água, eles sabem dizer se temos estoque suficiente para aquele período. Com a economia alcançada, já podemos investir na troca da iluminação do prédio por LED e benfeitorias na área de lazer”, comemora a síndica.

Gestão pessoal

Economizar também pode fazer parte de uma planejamento pessoal, por exemplo, com a utilização de aplicativos como “Agente Verde”. Lançada em setembro, a tecnologia tem como principal objetivo auxiliar na redução do consumo de água e energia elétrica. O gadget, que por enquanto só existe para a plataforma Android, indica e define metas de consumo, tanto de água potável quanto de energia elétrica, permitindo que o usuário monitore a si próprio e também denuncie qualquer tipo de desperdício em seu condomínio, bairro, entre outros.

“Basta o usuário indicar periodicamente os números apresentados pelo hidrômetro que o aplicativo projeta e alerta sobre as metas de consumo. Além de ajudar a controlar o consumo, o Agente Verde também permite que seus usuários denunciem desperdícios de recursos naturais”, explica Mauro Silvares, sócio da QG2 Consulting.

Fonte: O Fluminense – 31/10/2016