Os cariocas que apostaram no site AirBnb para alugar seus apartamentos durante a Copa do Mundo estão sorrindo à toa. Juntos, eles faturaram, segundo balanço divulgado pelo site, US$ 26,1 milhões (cerca de R$ 58,5 milhões) durante os dias do evento. É que a cidade concentrou 50% das reservas feitas em todo o país, o que fez com que fosse a que mais recebeu turistas, via site, durante o evento. Somente no Airbnb, havia 20 mil anúncios de imóveis disponíveis para a locação por temporada em 52 bairros, sendo os mais comuns Copacabana, Ipanema, Leblon, Botafogo, Santa Teresa e Leme. Cidade brasileira com mais anúncios no site internacional que é líder nesse segmento, o Rio já está entre as top três mundiais, atrás apenas de Nova York e Paris.

No primeiro grande evento realizado na cidade após a popularização dos sites de aluguel por temporada, o balanço feito por usuários ouvidos pelo Morar Bem também é bastante positivo. A figurinista Márcia Pitanga, que usou o Airbnb, fechou quatro locações em seu apartamento, em Botafogo, durante o período do Mundial.

– O apartamento ficou o mês inteiro alugado, para quatro grupos diferentes, e não tive qualquer problema ou trabalho. Ninguém roubou nada, ninguém quebrou nada. Acho que, de uma maneira geral, o turista que faz esse tipo de aluguel é bastante civilizado e respeita a casa onde fica – analisa ela, que recebeu um casal de chineses, outro da Argentina, dois americanos e um francês.

Já a administradora Juliana Rocha resolveu alugar o seu quarto e sala em Copacabana para temporada durante a Copa apenas em maio, às vésperas do evento. Testou vários sites, sem sucesso, até que se inscreveu no Booking.com e já no primeiro dia recebeu uma série de reservas. Uma delas em nome de Marina F. Chaliapin, que foi Miss Rússia em 1931 e faleceu em 2009. Era fraude, claro! Teve também um argentino que marcou, desmarcou, marcou, desmarcou. E, no final, simplesmente não apareceu. Mas, na única reserva que foi efetivada, tudo deu certo. No final das contas, o apê ficou alugado por apenas um final de semana para um casal de chilenos e seu filho adolescente. Ao voltar para casa, Juliana encontrou tudo no lugar, sem qualquer problema. Com direito a louça lavada.

– Já estive algumas vezes do “outro” lado, alugando apartamentos em viagem pelo Brasil e exterior e, como nunca houve nenhum problema, também esperava a mesma postura. Achei super válida a experiência. Financeiramente, acredito que se tivesse anunciado seis meses atrás, quando a procura estava altíssima, teria conseguido valores mais altos e público realmente interessado. Mas, considerando o aluguel de última hora e o curto período de estadia, acho que fiz um bom negócio com os chilenos – avalia Juliana, que levou parte de suas coisas para a casa dos pais e deixou algumas trancadas na despensa.

A decoradora Claudia Moreno foi ainda mais prevenida. Deixou claro que apenas dois dos três quartos de seu apartamento em Ipanema estariam disponíveis. O terceiro, usado como escritório por ela e o marido, ficou trancado com as coisas da família dentro. Foram 17 dias de férias na casa da mãe enquanto quatro franceses usufruíam do apartamento.

– Nos primeiros dias, ficamos tensos imaginando o que estava acontecendo lá. Depois, relaxamos. Por precaução, deixamos umas instruções e regras do prédio, como a coleta do lixo, horário de barulho, instruções dos aparelhos. É o apartamento onde moramos com uma criança e como foi a primeira vez, fiquei um pouco temerosa. Mas, deu tudo certo. O apartamento estava perfeito, exatamente como deixamos – conta ela, que até reformou o sofá antes de receber os gringos. – Também foi bom porque acabamos sendo obrigados a fazer uma limpa nas coisas que não usávamos mais – diverte-se.

Esse tipo de atitude é a mais recomendada pelos sites que promovem aluguéis por temporada. Alguns deles, dão inclusive a possibilidade de se cobrar um seguro para cobrir qualquer estrago feito pelos hóspedes.

Fonte: Jornal O Globo – 18/07