O Índice de Preços ao Consumidor Amplo 15 (IPCA-15, que serve como uma prévia da inflação oficial) ficou em apenas 0,21% em abril, abaixo da previsão do mercado. Em 12 meses, a taxa acumulou alta de 4,41% – ou seja, pela primeira vez desde janeiro de 2010, ficou abaixo do centro da meta definida para este ano, que é de 4,5%.

– Isso reforça a avaliação de que existe espaço para um corte rápido de juros. Trabalhamos com (perspectiva de) novas reduções de um ponto-base nas próximas reuniões, e a Selic (taxa básica de juros do país) deve chegar em 8,75% no nosso cenário – avalia Marcio Milan, economista da Tendências Consultoria Econômica.

PREVISÃO DE CORTE DE JUROS

Segundo o economista Luiz Roberto Cunha, professor da PUC-Rio, a desaceleração da inflação se explica principalmente pelo recuo nos preços de alimentos, graças a condições climáticas favoráveis, que devem propiciar uma safra recorde no país este ano. Ele também cita a diminuição dos preços no setor de serviços, diante da queda na renda média do brasileiro em consequência da crise.

– No resultado fechado do mês, a alta do IPCA deve ser um pouco maior, em torno de 0,15%. Mas, mesmo assim, haverá uma nova queda significativa na comparação em 12 meses. Se fecharmos o mês (com inflação de) 0,15%, em 12 meses o índice ficará próximo de 4% – estima Cunha, destacando que esse resultado fica abaixo da meta do governo. – Isso ajudará o Banco Central a cortar a taxa de juros novamente, em até 1 ponto percentual ou até mesmo, como ele sinalizou, em 1,25 ponto percentual.

O Mitsubishi Financial Group prevê que a inflação continuará caindo nos próximos meses, com o IPCA acumulado em 12 meses chegando a um piso de 3,1% em agosto. Em relatório, Alberto Ramos, economista-chefe para América Latina do banco Goldman Sachs, destacou que, além do cenário favorável para os alimentos, a recessão acaba contribuindo para segurar os preços, já que o país está convivendo com taxas de desemprego acima de 13%, que limitam o poder de compra dos consumidores.

No resultado de abril, chama a atenção a alta dos remédios, de 0,86%, refletindo parte do reajuste anual autorizado pelo governo, que entrou em vigor em 31 de março, com aumentos variando entre 1,36% e 4,76%, conforme o tipo do medicamento.

Os preços de energia elétrica ficaram estáveis, mesmo com a mudança da bandeira tarifária de amarela para vermelha. A sobretaxa foi compensada por uma redução na tarifa decorrente da devolução aos consumidores do valor pago pela energia de Angra 3, que foi cobrada no ano passado mesmo sem a usina ter entrado em operação.

BOLSA SOBE 0,55%

A queda no IPCA ajudou na alta da Bolsa de São Paulo (B3, antiga Bovespa) ontem. O índice Ibovespa subiu 0,55%, aos 63.760 pontos. Já o dólar comercial avançou 0,34% frente ao real, valendo R$ 3,159. A moeda americana ganhou força em escala global depois que comentários do secretário do Tesouro dos Estados Unidos, Steven Mnuchin, terem sugerido que o governo cortará impostos em breve – o que elevou a probabilidade de um aumento nas taxas de juros americanas em junho.

Fonte: O Globo – 21/04/2017