Prefeitura quer construir nove estacionamentos subterrâneos

A Subsecretaria de Projetos Estratégicos da prefeitura lançou ontem um Procedimento de Manifestação de Interesse (PMI) para a construção e gestão de nove estacionamentos subterrâneos na cidade. A proposta faz parte do programa de governo do prefeito Marcelo Crivella registrado no Tribunal Regional Eleitoral (TRE-RJ) no ano passado, quando ele ainda era candidato ao cargo. No entanto, cinco bairros que constavam do projeto original acabaram ficando de fora do PMI: Méier, Tijuca, Campo Grande, Bangu e Jacarepaguá. Já a Zona Sul, que teria três estacionamentos, poderá ganhar seis.

ÁREAS SEPARADAS POR LOTES

As empresas interessadas no PMI deverão apresentar propostas por três lotes, em até 20 dias. O primeiro lote contempla as praças do Lido e Serzedelo Corrêa, em Copacabana, e a Praça São Perpétuo, na Barra da Tijuca. Fazem parte do segundo as praças Virgílio de Melo Franco, no Centro; General Osório, em Ipanema; e Magno, em Madureira. No terceiro, estão o Largo Sérgio Vieira de Melo, no Leblon; e as praças Demétrio Ribeiro, em Copacabana, e Santos Dumont, na Gávea. Após a seleção dos melhores projetos, a prefeitura deverá acompanhar a elaboração dos estudos de viabilidade. As despesas ficarão a cargo dos vencedores.

No programa de governo de Crivella, consta a proposta de fazer “uma PPP (parceria público-privada) para a construção e operação de nove novos estacionamentos subterrâneos na cidade até o fim de 2020: três na Zona Sul (Copacabana, Ipanema e Leblon), três na Zona Norte (Madureira, Méier e Tijuca) e três na Zona Oeste (Campo Grande, Bangu e Jacarepaguá), priorizando suas localizações próximas às estações de BRT, metrô e trem”. No entanto, a prefeitura apresentou um PMI, que estabelece uma concessão, em vez de uma PPP. Além disso, a promessa de campanha de construção de estacionamentos também nas áreas da Saara e da Zona Portuária ainda não saiu do papel.

Questionado sobre as mudanças no plano, o subsecretário de Projetos Estratégicos, André Marques, afirmou que uma licitação de novos terrenos não está descartada.

– Os nove estacionamentos não irão necessariamente adiante. Nem todos vão se mostrar viáveis. Focamos nesses terrenos, mas a gente continua em busca de outros, e nada impede que um pouco mais à frente façamos novos estudos em outras áreas. Uma coisa não é excludente da outra. Continuamos em busca de novas áreas para, eventualmente, fazermos outros estudos. Essas áreas (Saara e Zona Portuária) não estão de maneira alguma esquecidas ou descartadas – disse Marques.

Segundo o subsecretário, os estudos de viabilidade deverão ficar prontos em até cinco meses. A expectativa é que a licitação para a construção dos estacionamentos subterrâneos seja feita até o fim do ano, para as obras começarem no início de 2018.

PROPOSTA DIVIDE OPINIÕES

Presidente da Sociedade Amigos de Copacabana, Horácio Magalhães comemorou a iniciativa. Segundo ele, o projeto é uma reivindicação antiga.

– Nosso bairro é centenário, e muitos prédios não contam com garagens. Meu edifício, por exemplo, tem 48 apartamentos e 22 vagas – disse Magalhães, que fez um pedido: ele quer que os operadores dos estacionamentos subterrâneos também sejam responsáveis pela manutenção e conservação das praças.

Já o presidente da Associação de Moradores e Amigos da Gávea, René Hasenclever, teme que o projeto aumente a quantidade de carros para as ruas. Para ele, a conclusão da estação de metrô da Gávea é mais urgente:

– A construção de estacionamentos subterrâneos segue a cultura do automóvel. Acho melhor terminar a Linha 4, fazer uma política para diminuir o número de carros e investir em transporte público de qualidade e na fiscalização do trânsito.

Especialista em gerenciamento de mobilidade e professor da Coppe, Ronaldo Balassiano criticou a iniciativa. Segundo ele, o Rio não precisa de mais estacionamentos subterrâneos e deveria investir no transporte público:

– Fazer estacionamentos significa gerar um movimento de carros. Em alguns lugares, dá até para justificar sua construção. Na Praça General Osório, pode servir para fazer a integração com o metrô, por exemplo. Mas precisamos parar de incentivar o uso do carro. Há outras prioridades, como expandir a malha do metrô, terminar a implantação do VLT, melhorar o sistema de ônibus. A prioridade hoje no transporte não deveria ser a implantação de novos estacionamentos; mas, sim, a melhoria do transporte público.

Fonte: O Globo – 10/02/2017