Os itens de lazer queridinhos das décadas de 80 e 90, como grandes piscinas, quadras poliesportivas e churrasqueiras estão voltando a conquistar o coração dos cariocas. Um levantamento feito pela Mediator Pesquisa revela que 66% dos moradores que têm intenção de comprar um imóvel na Zona Norte preferem áreas de lazer com menos opções, porém, com espaços mais amplos.

A pesquisa foi realizada entre setembro e outubro deste ano com pessoas de diversos bairros da cidade, mas com foco maior na Zona Norte, por ser uma região onde cresce o número de empreendimentos com forte investimento no lazer, explica Cristiano Silva, analista responsável pela pesquisa:

— O estudo foi focado nesta região pois a questão do lazer é mais relevante. Quem mora em bairros como Leblon, Ipanema ou Jardim Botânico tem lazer a poucos passos da portaria do seu prédio — avalia Silva.

De acordo com a pesquisa, é considerado “lazer de verdade”: salão de festas amplo, piscina grande (com tamanho de semiolímpica, no mínimo), sala de jogos, playground, academia interna e externa, espaço gourmet e churrasqueiras, desde que em quantidade suficiente para atender às famílias, sem gerar conflitos, disputas e filas de espera. A percepção do público é que a quantidade muito diversificada de opções de lazer acaba por gerar espaços ociosos ou subutilizados.

Segundo a pesquisadora Andrea Freire, diretora da Mediator, após o impacto da venda, com a experiência de moradia, eles passam a ser vistos como um “monte de quadradinhos” que ficam esquecidos, dando impressão de que estão ocupando espaço.

Foi através de pesquisas que a PDG, por exemplo, mudou o projeto do condomínio residencial DOM, em Cachambi.

— Nós aumentamos a área da piscina porque percebemos que era o item mais valorizado do lazer — afirma Claudio Hermolin, diretor executivo regional da PDG.

Clientes não querem espaços ociosos

O diretor geral da Leduca, Paulo Marques, explica que esta mudança na preferência do tipo de área de lazer se explica pelo fato de que há alguns anos, com o boom do conceito de condomínios-clube, muitas empresas anunciavam um grande número de espaços para atrair compradores, entretanto, nem sempre eles sempre úteis:

— Percebemos que os clientes preferem ter uma boa academia, amplo salão de festas e sauna a ter pequenos espaços de lazer pouco aproveitáveis.

Rafael Duarte, sócio-diretor da Percepttiva, especializada em marketing imobiliário, acrescenta que na construção de infraestrutura de lazer, a referência, no passado, era a de hotéis. Mas, atualmente percebe-se que nem todas as opções se aplicam nos empreendimentos residenciais. Ele cita o exemplo de um empreendimento, entregue em 2009, pela Calper, no Recreio dos Bandeirantes, em que foram construídas uma pista de skate e uma parede de escalada.

— O skate hoje é o point do condomínio. Já a parede de escalada, ninguém usa. Vimos que não adianta ter um espaço desses se não há um instrutor disponível. Assim, decidimos transformar a área da escalada em duas novas pistas de skate. A experiência tem demonstrado que uns itens têm bastante uso e outros não. E isso vai orientando as próprias construtoras.
Fonte: Jornal O Globo – 25/11/2013