teatro riachuelo

Entrar no Teatro Riachuelo Rio, na Rua do Passeio, é voltar ao passado. O novo espaço ocupa o lugar onde funcionou, a partir de 1943, o Cine Palácio, um marco da Cinelândia e da cultura carioca. Desativado como cinema em 2008 e fechado para obras há dois anos, o prédio – que data do século XIX e é tombado como patrimônio histórico – será, enfim, devolvido ao Centro da cidade, com inauguração para convidados no dia 10 de agosto. Para o público, o espaço abre no dia 12, com dois musicais: a estreia de “Garota de Ipanema, o amor é bossa” e a reestreia de “SamBRA, o musical – 100 anos de samba”.

– Queríamos estar nos Jogos Olímpicos – explica Aniela Jordan, sócia da Aventura Entretenimento, empresa responsável por gerir o projeto. – O Rio de Janeiro estará cheio de gente de fora, estamos no Centro, com dois espetáculos sobre ritmos emblemáticos, que são a bossa nova e o samba. É um lugar de acesso fácil, para que todo mundo possa vir.

COMPLEXO COMERCIAL

O terreno ao lado, que abrigará o complexo comercial Passeio Incorporate, foi comprado pelo Banco Opportunity em 2008. Em 2011, surgiu a chance para que o grupo comprasse o imóvel do Cine Palácio.

– Poderíamos ampliar nosso espaço, ter uma saída para a Rua do Passeio, mas, em contrapartida, teríamos que revitalizar o lugar. E não tínhamos ideia de como se faz reforma de teatro. E nem expertise para operar um teatro. Foi um desafio deixá-lo de pé, já que as estruturas são bem antigas – diz Jomar Monnerat, gestor de fundos imobiliários do Opportunity.

A parceria foi fechada com a entrada da rede varejista Riachuelo, que dá nome ao teatro. Calcula-se que cerca de dez mil pessoas circularão pelo local diariamente.

– É importante botar em perspectiva o que acontece no país. A decisão de colocar o teatro de pé foi de três anos atrás e, mesmo diante de tudo o que vem acontecendo, resolvemos prosseguir. O Teatro Riachuelo Rio será um centro de arte, de O espaço de aproximadamente 3.500 m² ganhou palco de 280 m², camarins, sala de ensaio e fosse de orquestra: orçamento de R$ 42 milhões cultura e entretenimento. Inaugurar um teatro no Rio é um ato de amor. Amor à arte, à cultura, ao país, ao Rio de Janeiro – avalia Luiz Calainho, também sócio da Aventura.

Por enquanto, em meio a tapumes, latas de tinta e material de obra, somente dá para imaginar como vai ficar o espaço, cujo orçamento para sua execução é de R$ 42 milhões. Antes dividido em duas salas de cinema, o local de aproximadamente 3.500 metros quadrados ganhou um palco de 280 metros quadrados, plateia para mil pessoas, camarins, sala especial de ensaio, fosso de orquestra e caixa cênica.

O projeto de design é do Studio Zanini, com peças criadas exclusivamente pelo designer Zanini de Zanine, como as torneiras e luminárias, inspiradas nas de antigamente, e as cadeiras dos balcões que dão para o palco. Todo o processo de reforma teve acompanhamento do Instituto Rio Patrimônio da Humanidade – as paredes foram restauradas e o único lustre original que restou do cinema será incorporado ao novo teatro.

PRÉDIO FOI INAUGURADO EM 1890

A ideia é que a programação seja abrangente, com a apresentação de espetáculos que vão de musicais a óperas, passando por shows e balés. Um resgate à importância histórica do prédio, como explica o escritor Ruy Castro, responsável pela pesquisa histórica que levará à produção de um livro sobre o imóvel.

– Esse prédio faz parte da cultura brasileira. Durante cem anos, exibiu grandes e pequenos espetáculos. Milhões de pessoas passaram por aqui. É um milagre que esteja de volta. Espero que seja o começo de uma mobilização que atinja o entorno, e que o Passeio Público volte a fazer jus a uma história de muitos anos.

O prédio foi inaugurado em 1890, como Cassino Nacional Brasileiro. Em 1906, ganhou o nome de Palace Theater. Em 1929, passou a funcionar como Palácio Teatro, quando exibiu “Theatro Broadway melody”, um dos primeiros filmes musicais da história do cinema e vencedor do Oscar de Melhor Filme em 1930.[

Fonte: Jornal O Globo – 29/06/2016