O prefeito Eduardo Paes sancionou, nesta terça-feira, a lei que transforma um terreno de 17 mil metros quadrados na Rua Marquês de São Vicente 104, na Gávea, em parque ecológico. Mas a data efetiva para a abertura do espaço à população está indefinida, pois a área pertencente à rede de supermercados Mundial terá ainda que ser declarada de utilidade pública e desapropriada. O município arcará com as despesas de indenização.

No futuro processo de desapropriação, a prefeitura fará uma avaliação da área para apresentar uma proposta aos proprietários. Se não houver acordo, o pagamento será depositado em juízo. Segundo um dos autores do projeto, o vereador Marcelo Queiroz (PP), um anúncio divulgado ano passado pela internet pedia R$ 80 milhões pela área, apesar de o imóvel ter sido adquirido em 2003 por apenas R$ 13 milhões. Em nota, o Mundial informou desconhecer qualquer tentativa de venda do terreno, não confirmou quanto pagou pelo imóvel ou fez quaisquer estimativas sobre o atual valor do terreno.

O secretário municipal de Meio Ambiente, Carlos Alberto Muniz, disse, nesta terça-feira, que o uso do espaço ainda terá que ser debatido com a população.

– A decisão final, claro, é do prefeito. A tendência é que seja um parque urbano para a população e que também possibilite a conservação ambiental. Mas não há nada fechado ainda. A lei acaba de ser sancionada – disse o secretário sobre o projeto proposto pelos vereadores Queiroz, Eduardão (PSDC), e Carlos Eduardo (Solidariedade).

Queiroz disse que com a medida quis preservar o espaço verde e impedir um maior adensamento do bairro, evitando a ocupação imobiliária do local. Como O GLOBO mostrou no último sábado, os moradores estão divididos em relação ao projeto. O vereador sugere que a prefeitura contrate o Instituto de Arquitetos do Brasil (IAB) e realize um concurso de projetos para escolher aquele que melhor se identifique com a região.

– A preservação do espaço evitou a construção de novos prédios com até nove pavimentos na Gávea, além de ter preservado várias árvores do bairro – acrescentou Queiroz.

OUTROS USOS FORAM DEBATIDOS

Na nota, o Mundial afirma que ainda não foi procurado pela prefeitura ou pela Câmara de Vereadores. Apenas confirmou que comprou a área em 2003 com o objetivo inicial de construir uma filial da rede de supermercados. Posteriormente, apresentou projeto para licenciar um empreendimento imobiliário no local, que seguia todas as regras estabelecidas. A Secretaria municipal de Urbanismo, no entanto, informou que nenhuma licença foi concedida para construção no endereço.

Antes da lei que prevê a transformação da área em parque, outros usos foram debatidos. A Pontifícia Universidade Católica (PUC) cogitou usar o espaço para construir um centro de pesquisas, mas o projeto não vingou. Em 2012, o governo do Estado estudou transformar o terreno em estacionamento provisório da PUC, durante as obras do metrô, mas desistiu. Hoje, o terreno é cercado por tapumes. No local existe apenas o esqueleto de um prédio, que já foi de uma empresa farmacêutica.

 

Fonte: O Globo, Luiz Ernesto Magalhães – 18/06/2014