Nas paredes, nos postes e até expostos em carros, os anúncios de venda de terrenos e imóveis se multiplicaram no Complexo da Maré, ocupado por forças militares há três semanas. Para atrair compradores, as imobiliárias imprimiram anúncios coloridos onde enaltecem a boa localização e, principalmente, a possibilidade de ampliar o imóvel.

A busca pelo chamado “uso de laje” ou “com laje livre para construir” aumentou e elevou o preço de terrenos, casas e apartamentos. No Parque União, por exemplo, um apartamento de quarto e sala é oferecido por R$ 35 mil. No mesmo prédio, no andar de cima, que inclui a laje, o preço sobe para R$ 45 mil. Na mesma localidade, uma casa de dois quartos pode chegar a R$ 128 mil.

O mercado imobiliário da Maré começou a esquentar há um ano, quando a expectativa da chegada das forças de segurança no local ganhou força. O preço dos imóveis praticamente dobrou, segundo corretores locais. Depois, estagnou novamente. Agora, a esperança de proprietários e imobiliárias é que aumente novamente o número de pessoas interessadas em morar ou investir no local.

– Uma quitinete custava R$ 15 mil. Hoje você não encontra por menos de R$ 30 mil. Está acontecendo aqui o mesmo que houve nas outras comunidades pacificadas, como no Morro dos Prazeres, em Santa Teresa. O preço já está nas alturas, e a tendência é crescer mais ainda – contou Lima, um corretor que prefere apenas ser identificado pelo sobrenome.

Num dos acessos à Vila Esperança, pela Linha Amarela, um quadro lotado de anúncios de imóveis revela o tamanho da oferta. Casas, apartamentos, terrenos e lojas saem por valores que variam de R$ 15.900 a R$ 128 mil, dependendo do tipo, tamanho e localização.

– A casa é grande e bem localizada. Já está no preço justo – argumenta Fernando, que oferece uma casa de três quartos na Nova Holanda por R$ 95 mil.

Mas a subida nos preços também pode ser um entrave para alguns compradores, segundo Reginaldo Fagundes, que há 14 anos comercializa imóveis no complexo e é dono de quatro imobiliárias. Na sua avaliação, há uma questão delicada sobre a impossibilidade de financiamento. O motivo é que a maioria dos imóveis não tem registro e isso dificulta a transação.

– Se o preço aumentar mais, terá que vir gente de fora para comprar. Os moradores daqui não conseguem pagar por preços tão altos – afirma.

Fonte: O Globo Online – 22/04/2014