Município quer usar câmeras de prédios para monitorar ruas

A prefeitura quer que as imagens de câmeras de lojas e prédios residenciais sejam integradas ao sistema de monitoramento do Centro de Operações Rio (COR). Essa foi uma das propostas de melhoria da segurança pública apresentadas ontem pelo secretário municipal de Ordem Pública, coronel Paulo Cesar Amendola, a representantes do setor turístico. Segundo ele, já está sendo elaborada a minuta de um decreto, que deve ser assinado pelo prefeito Marcelo Crivella ainda esta semana. A ideia é aproveitar imagens de câmeras voltadas para vias públicas.

– Isso vai possibilitar uma maior rapidez de resposta por parte da Guarda Municipal, que poderá ver as imagens no COR (a sede do serviço fica na Cidade Nova). Como a guarda já está atuando na mesma frequência de rádio que a Polícia Militar usa, poderá ser acionada em casos de violência – disse o secretário. – Vou pedir às 15 inspetorias (da guarda) que façam um levantamento de todas as câmeras particulares voltadas para as vias públicas. Logo em seguida, entraremos em contato com os responsáveis por esses aparelhos e pediremos a eles que assinem um contrato de cessão de imagens para o COR. Com isso, a vigilância das áreas públicas do Rio vai aumentar. Espero que esse trabalho esteja concluído dentro de dez dias.

A proposta foi apresentada numa reunião organizada pela Associação Brasileira da Indústria de Hotéis (ABIH-RJ). Estavam presentes o presidente da Riotur, Marcelo Alves; representantes da área de segurança pública, como a comandante da Guarda Municipal, Tatiana Mendes, e a titular da Delegacia Especial de Apoio ao Turismo (Deat), delegada Valéria Aragão; além do presidente da ABIH-RJ, Alfredo Lopes.

Valéria Aragão disse que vai fazer um cadastro, com fotos, de todos os vendedores que atuam na areia das praias de Copacabana, Ipanema e Leblon. Segundo a delegada, o catálogo poderá auxiliar a polícia na apuração de furtos e roubos sofridos por banhistas. As estatísticas da Deat mostram que os furtos representam 90% dos crimes de que turistas são vítimas na cidade.

– Por isso, pedimos a eles que deixem seus pertences mais valiosos nos cofres dos hotéis, que não levem esses objetos para a praia. Alguns (ambulantes) são falsos vendedores, que chegam à praia com as mochilas vazias para guardar o produto do roubo. Com o catálogo de fotos, poderemos mostrar as imagens de suspeitos aos turistas que forem vítimas de bandidos – explicou Valéria Aragão.

POLICIAIS CIVIS FARÃO RONDAS

Na reunião, ficou acertado também que policiais da Deat e das delegacias dos bairros farão rondas em pontos turísticos da cidade a partir do próximo fim de semana até o carnaval.

– Sabemos os locais e horários onde há mais crimes nesses bairros. Faremos essas rondas em conjunto com policiais das delegacias locais. Com isso, esperamos inibir a ocorrência de crimes violentos nessas áreas – acrescentou Valéria Aragão.

Amendola disse que pretende aumentar o efetivo da Guarda Municipal no patrulhamento. Para isso, quer fazer um projeto semelhante ao Programa Estadual de Integração de Segurança (Proeis), pelo qual policiais trabalham em dias de folga, de forma voluntária, em troca de uma remuneração extra. A ideia é que associações arquem com o pagamento desses guardas.

Após a reunião, Marcelo Alves afirmou que a meta agora é fazer com que a cidade mantenha um calendário de eventos de grande porte ao longo do ano.

– O Rio é uma das vitrines do mundo e o turismo, uma atividade de fundamental importância para a cidade – disse o presidente da Riotur. – Precisamos de investimentos e vamos buscar parcerias público-privadas. Estamos começando a definir ações conjuntas, mas isso demanda tempo, principalmente no que se refere ao mercado corporativo de convenções. Precisamos mostrar aos cariocas a importância de receber bem o turista. Sabemos que todo mundo prefere vir ao Rio a ir para São Paulo, mas isso não basta. Sem investimentos e campanhas, não se pode implementar um programa efetivo.

Alfredo Lopes falou sobre a reivindicação de moradores de Copacabana, onde é grande a concentração de hotéis, para que seja implantado no bairro um programa nos moldes do Centro Presente.

– Não é falta de interesse da Fecomércio, mas não há dinheiro. A questão é que esses programas são caros. Apenas no Centro Presente, a Fecomércio investe R$ 35 milhões por ano – explicou o presidente da ABIH-RJ.

Fonte: Jornal O Globo – 19/01/2017