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Prédio histórico será shopping e hotel. Depois de 129 anos, o Moinho Fluminense se despede da Zona Portuária, no Centro do Rio. A Bunge, multinacional de alimentos e agronegócios que assumiu o negócio ainda em 1914, inaugurou as novas instalações para moagem de trigo em Duque de Caxias, na Baixada Fluminense. O projeto de R$ 500 milhões, anunciado em 2014, mais do que dobra a capacidade de produção da companhia no Rio para mais de 600 mil toneladas por ano. A unidade será sede também do novo centro de distribuição, que antes funcionava na Pavuna. É uma aposta na retomada da demanda pelo produto.

– A novo Moinho Fluminense dará início a suas operações com produção equivalente à da unidade anterior, que era de quase 300 mil toneladas por ano. Agora, estamos preparados para crescer junto com a demanda dos clientes – explica Raul Padilla, presidente da companhia no Brasil. – Estamos comprometidos com a expansão no país. Nos últimos três anos, investimos US$ 500 milhões na aquisição dos moinhos Vera Cruz (em Santa Luzia, MG) e Pacífico (em Santos, SP), além da construção da planta do Rio.

No segundo trimestre deste ano, a Bunge registrou lucro líquido de US$ 121 milhões, alta de quase 41% sobre o período de abril a junho de 2015. No Brasil, os estados do Rio e do Espírito Santo, juntos, são o segundo maior mercado para a companhia no segmento de trigo, atrás de São Paulo, explica Francisco Ganzer, diretor de trigo e ingredientes da companhia. A moagem total da Bunge no país é de 1,9 milhão de toneladas.

– O projeto começou a ser estudado em 2006, e foi anunciado em 2014. Com o Porto Maravilha, a mudança se tornou uma necessidade. Em Caxias, a localização combina acesso ao porto, ao mercado carioca e condições de ampliar a produção. No longo prazo, poderá atender a outras regiões – conta ele, destacando que a Bunge tem sete moinhos no Brasil.

Os executivos afirmam que, com a operação concentrada na Baixada, os funcionários que atuavam nos antigos moinho e centro de distribuição foram, em sua maioria, aproveitados. Ao todo, são 250 trabalhadores.

CAMPANHA PARA INCENTIVAR CONSUMO

O impulso em demanda, porém, deve levar tempo para chegar. Em 2015, o consumo de farinhas de trigo no Brasil encolheu 8%, para 40 quilos per capita, segundo a Abitrigo, que reúne as empresas responsáveis por 75% da moagem no país. É efeito da recessão, que reduziu o consumo à mesa do brasileiro.

– Ano passado, pela primeira vez, registramos queda no consumo de trigo no país. Tradicionalmente, em períodos de crise, as pessoas apenas compravam outros produtos – destaca Marcelo Vosnika, presidente da Abitrigo. – Este ano, a queda parou. A previsão é manter o nível de 2015 para, com melhor cenário econômico, retomar o crescimento a partir de 2017.

A entidade vem apostando em ações para ampliar o consumo de produtos à base de trigo, com campanhas e também cursos de qualificação profissional.

A Bunge se prepara para a retomada. O centro de distribuição em Duque de Caxias tem 7.000 metros quadrados, o dobro da área do anterior, e capacidade para armazenar até 6.600 toneladas de produtos.

O histórico Moinho Fluminense foi vendido e será transformado em complexo que reunirá espaços comerciais, residenciais, shopping e outras instalações. O projeto é da Vinci Partners, em parceria com a Carioca Engenharia.

Fonte: Jornal O Globo – 27/10/2016